Empresas do Brasil preparam mão-de-obra, diz jornal dos EUA; será essa a realidade?

De acordo com gerente da Robert Half, na realidade, investimento em capacitação é realizado por algumas empresas

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Devido ao sistema educacional falho, as empresas brasileiras decidiram investir na formação de sua força de trabalho, destacou reportagem publicada no jornal norte-americano Washington Post.

De acordo com a matéria, apesar de ser um dos países mais populosos, o Brasil não tem nenhuma universidade no ranking das 100 melhores internacionais. Pela defasagem na educação, empresas como a Vale têm “construído” seus profissionais.

“Os planos ambiciosos da empresa pelo crescimento batem de frente em um problema que atrasa o desenvolvimento de toda a América Latina: um grande sistema educacional que não prepara engenheiros e outros profissionais com habilidades técnicas, até mesmo quando a crise econômica global comprime a demanda”, diz a reportagem.

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Porém, de acordo com o gerente da Robert Half, Fábio Saad, o investimento na capacitação ainda é restrito a um grupo pequeno de empresas do País e depende muito da cultura da organização.

“Eu diria que a capacitação está mais direcionada à área de vendas, sempre com treinamentos. Em outras áreas, vem mais por meio de cursos, como MBA, mas não se estende a todo o grupo, mais para os profissionais estratégicos. Às vezes, a capacitação é exclusiva para determinado produto, mas algo mais corporativo é mais difícil”, explicou.

O investimento em capacitação é pouco, mesmo com a mudança na forma como a empresa enxerga o papel do colaborador, que aconteceu quando a sociedade passou da era industrial para a da informação.

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“Hoje, até mesmo o funcionário de base não contribui só com as pernas e os braços [em referência ao trabalho braçal], mas com idéias, mais do que no século passado. A empresa está aberta à idéia e a grande mudança é que os funcionários não são apenas empregados, mas parceiros, colaboradores”, afirmou.

Crise muda cenário?

Conforme afirmou Saad, até setembro deste ano, antes da crise financeira internacional estourar, o cenário que se apresentava era de empresas crescendo, com falta de capacitação profissional. “As empresas expandiam seus negócios, precisavam de recursos humanos e os recursos humanos não estavam no nível que desejavam. Então, algumas delas pegavam alguém menos preparado para treinar”.

Agora, a crise provavelmente implicará desaquecimento da economia. “A necessidade de ter profissionais vai cair e a oferta deles no mercado de trabalho irá crescer. Vai ser muito mais fácil encontrar qualificados do que há um ano. Então, as empresas vão ter mais opções. Em vez de capacitar, elas vão pegar no mercado”, ponderou o gerente.

Para o gerente de Recursos Humanos e Administração da ArcelorMittal Vega, Luiz Reitz, a globalização dos negócios faz com que a capacitação dos colaboradores se torne um desafio para as empresas.

“O conhecimento tem se deteriorado com muita rapidez, novas tecnologias têm vindo e o mundo está se tornando uma aldeia muito pequena. Nós, particularmente, temos contato com mais de 60 países e precisamos deixar nossos colaboradores preparados para enfrentar esse cenário”, afirmou. “O grande desafio das empresas é buscar, por meio da capacitação, um aporte de conhecimento constante”.