Empresas demitem executivos para achatar salários

Índice de demissão dos CEOs nos EUA recuou 0,5%, enquanto que, no Brasil, houve alta de 4,6 pontos percentuais na crise

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Executivos brasileiros também sofrem com a prática das empresas de demitir para achatar salários. Isso significa que elas dispensam um profissional mais caro e contratam, para a mesma posição, uma pessoa que vai ganhar menos.

Pesquisa realizada pela consultoria Booz & Company, com as 130 maiores empresas do País, revelou que o índice de demissão desses profissionais no Brasil é bem superior quando comparado ao de outros países.

“Enquanto nos Estados Unidos, com toda a crise, a demissão de CEOs (diretores-executivos) caiu 0,5%, no Brasil, esse indicador cresceu 4,6 pontos percentuais, muito embora vejamos todos os dias nos jornais que o Brasil é um dos países menos afetados pela crise”, ressalta o vice-presidente de Relações Trabalhistas e Sindicais da ABRH Nacional (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Carlos Pessoa.

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“Nesse sentido, o que constatamos é que a demissão de pessoas é uma estratégia de negócios, que visa, sobretudo, a reduzir os níveis salariais recebidos pelos empregados”, diz.

Demissão barata

Ainda de acordo com Pessoa, a demissão no Brasil é um procedimento de baixo custo para a empresa. “Embora muitos empresários digam o contrário, a verdade é que demitir empregados no Brasil é algo relativamente barato. No passado, as empresas tinham de pagar um mês de salário por ano de trabalho, hoje, o aviso prévio é igual se você tem seis meses de casa ou 30 anos”.

A prova de que as empresas usam a demissão para achatar o pagamento dos funcionários está no fato de que o salário médio no Brasil é, descontada a inflação, menor do que há dez anos, como comprovou pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Enquanto, em 1996, o salário médio equivalia a R$ 975, em 2006, o valor passou a R$ 883.

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Segundo pessoa, crises como a vivenciada servem muitas vezes de desculpa para os empresários fazerem o achatamento de salários. “É interessante notar que, logo após grandes movimentos de demissões, acontecem movimentos de recontratação dos empregados”, afirmou.

Investir em pessoas

Ao pensar apenas na redução de custos, sem ter a preocupação com os seus empregados, a organização corre o risco de ter de trabalhar com uma equipe desmotivada e sem comprometimento.

“Não há razão alguma para que uma empresa deixe de investir em pessoas porque está focando o resultado. Ao fazer isso, ela perde a lealdade das pessoas e compromete os resultados da companhia a médio ou a longo prazos”, conclui a diretora-executiva de Recursos Humanos da Telefônica, Françoise Trapenard.