Empresa Júnior: pulando da sala de aula para o mercado de trabalho

Empresas permitem que o estudante tenha experiência profissional relevante sem comprometer estudos

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Mesmo sem ser um estudante universitário, você já deve ter ouvido falar numa empresa júnior. Surgidas na década de 60, na França, estas empresas têm como objetivo dar um impulso na carreira de universitários no mercado de trabalho.

Através delas muitos graduandos têm a oportunidade de aplicar na prática aquilo que aprendem na sala de aula. Apesar das faculdades de veterinária, química, e até mesmo biologia também terem suas empresas, as mais representativas acabam sendo aquelas ligadas às escolas de administração, economia, contabilidade e advocacia.

FGV lançou primeira empresa em 1988

No Brasil, a primeira empresa Junior foi criada em 1988 na Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas, através da Câmara de Comércio Internacional do país. Hoje elas são bastante procuradas por outras companhias, principalmente em função do baixo preço que cobram pelos projetos.

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São oferecidos ao mercado serviços de consultoria, pesquisas de mercado, e projetos para ONGs e empresas privadas. De acordo com Tiago Ávila Fernandes, vice-presidente da Empresa Júnior do Mackenzie, a grande vantagem para quem procura seus serviços é sem dúvida financeira. “Os custos são bem mais baixos e a qualidade dos projetos em alguns casos podem ser comparadas com a de uma empresa que está no mercado há muitos anos”.

Estudantes levam a melhor

Por outro lado, as maiores vantagens são dos próprios estudantes, segundo Bruno Agrelio, presidente da FEAjúnior da USP (faculdade de economia e administração da USP). O aluno adquire conhecimento prático de como estruturar e fazer o planejamento de uma empresa.

“Na nossa júnior, os alunos têm contato com serviços de consultoria, que é nosso principal produto. Além disso, nós fazemos projetos internos, como os “Jogos de Governo” e o “Integração”. O primeiro é uma simulação macroeconômica; cada equipe tem a missão de administrar as contas de um governo virtual, enquanto o segundo é um simulador do mercado financeiro. Para Bruno, a passagem por uma empresa júnior agrega bastante valor no currículo do estudante. “As empresas já reconhecem isso”, conta o presidente, que está no terceiro ano de economia.

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No Mackenzie a maioria dos membros está cursando o segundo ano de faculdade, e é o primeiro estágio da vida profissional. Não há remuneração financeira para esses estudantes. “Os únicos retornos que obtemos são alguns cursos gratuitos e a experiência em lidar com as pessoas e liderar equipes”. E para Tiago, isso já é suficiente.

Já na FEAjúnior da USP, os encarregados de projetos internos e os membros da diretoria também não recebem nada, mas aqueles que cuidam dos projetos externos têm uma remuneração em torno de R$ 6,00 por hora de trabalho. “Esses projetos requerem um compromisso real com a empresa, por isso existe uma remuneração”, explica Bruno.

Estudantes em contato com o mercado

Na Getúlio Vargas os membros também não recebem nada. A estudante Tatiana Tenguan, que cursa administração de empresas acredita que essa é a melhor opção de colocar em prática o que ela tem aprendido na teoria. “Ninguém ganha nada, mas o pessoal trabalha sério aqui. É um outro aprendizado além da faculdade. Para mim, trabalhar na empresa júnior é tanto uma experiência profissional, quanto pessoal”.

A empresa júnior da GV faz periodicamente processos seletivos e conta com a ajuda de uma assessoria de Recursos Humanos. No primeiro e no segundo ano, os estudantes não têm uma grade de horário muito adequada para estágios fora da faculdade, e desse modo, a empresa júnior surge como a única opção. Além disso, as empresas de verdade já estão reconhecendo que o estudante que tem uma passagem pela júnior apresentam um diferencial no currículo. É uma espécie de ponte entre a academia e o mercado de trabalho, que só tem a beneficiar o estudante.

Antes da introdução destas empresas muitos candidatos a estágio se viam diante do dilema de não ter experiência suficiente para conseguir o primeiro emprego. As empresas dispostas a treinar um profissional não eram muitas, de forma que os estudantes buscavam oportunidades profissionais cada vez mais cedo, comprometendo em alguns casos seus estudos.

Desta forma, as empresas júnior vieram ajudar, pois permitem que o estudante tenha experiência relevante sem comprometer sua carga de estudos. Ganham as empresas e os estudantes.