Emprego: 2007 foi um marco, com menor nível de desemprego em cinco anos

Para gerente do IBGE, 2007 foi fantástico, tanto na queda do desemprego quanto na melhoria da qualidade do emprego

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O ano foi aquecido quanto à criação de postos de trabalho. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego fechará 2007 em 7,2%. Isso significa que 709 mil pessoas ingressaram no mercado formal e a população desocupada caiu abaixo dos 2 milhões de trabalhadores, o melhor resultado em cinco anos.

Para o gerente da PME (Pesquisa Mensal do Emprego), Cimar Pereira, os resultados são fantásticos, tanto na queda do desemprego como na melhoria da qualidade do emprego e da renda. Ele atribui o avanço ao bom momento vivido pela economia brasileira.

“O bom desempenho da economia do País está levando o mercado de trabalho a fechar 2007 com o melhor resultado de toda a série histórica”, destacou Pereira. “Os dados de novembro apresentam recordes em todos os seus indicadores e bases de comparação e traduzem um ano excepcional do ponto de vista do emprego.”

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Qualidade de vida e rendimento

Na avaliação do gerente, o recorde nos empregos formais indica a melhoria na qualidade de vida do trabalhador. “Se o trabalhador tem carteira assinada, ele tem melhor qualidade de vida, tem segurança no emprego, FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), décimo terceiro – benefícios fundamentais para que o trabalhador possa viver com maior dignidade”, destacou.

Pela pesquisa, o rendimento da população ocupada atingiu R$ 1.143,60, com aumento de 1,3% em relação a outubro e de 2,4% em relação a novembro do ano passado. Outro dado significativo se refere ao rendimento real domiciliar per capita, de R$ 733,90, que cresceu 2,8% no mês e 4,5% no ano.

Já a massa de rendimento médio real das pessoas empregadas totalizou R$ 24,6 bilhões, o que denota alta de 1,9% no mês e de 5,4% no ano.

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Perspectiva para 2008

A Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) e da Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) indica que os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) têm se refletido em aumento do emprego em 39 municípios da região metropolitana de São Paulo.

Os analistas econômicos das entidades pesquisadoras afirmam que o número de vagas tende a crescer ainda mais em 2008. Segundo o coordenador da pesquisa pela Fundação Seade, Alexandre Loloian, o comportamento do mercado mostra que os trabalhadores mais requisitados têm sido aqueles que recebem salários mais baixos. Mas a tendência, ele garante, é de que isso se reverta no próximo ano.

O diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, diz que alguns setores mais beneficiados pelo PAC, como o da construção civil, passarão a se concentrar na qualificação da mão-de-obra. “A construção civil, por exemplo, deve começar a disputar profissionais mais qualificados, com melhor preparo.”

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Profissões em alta

O setor de serviços continuará empregando muito. “Mais de 50% dos empregos gerados no País são para o setor de serviços. E a tendência é aumentar”, garante o presidente da Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços), Paulo Lofreta.

Ele afirma que o setor de serviços já vem, há algum tempo, alavancando a economia, impulsionado pela automação industrial. “As máquinas substituíram os trabalhadores nas indústrias. Essas pessoas que ficaram desempregadas ou abriram pequenos negócios de serviços ou foram trabalhar em uma empresa prestadora de serviços”, afirma.

Os segmentos mais promissores, em sua opinião, são: tecnologia da informação, telefonia celular, internet e desenvolvimento de softwares. “A própria indústria contrata serviços”, lembra. “Em algumas regiões, como no município de São Paulo, o turismo de negócios pesa muito. Há inúmeras empresas de eventos e feiras. A região do ABC e Campinas também chamam atenção em relação ao crescimento dos serviços. Futuramente, acredito que iremos até exportar serviços de call center”, completa.

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Demanda

Para o diretor da multinacional francesa BPI no Brasil, Gilberto Guimarães, muitos dos empregos criados em 2008 estarão voltados aos setores de lazer e saúde. Ele explica: “no início do século passado, o ser humano trabalhava 3.200 horas anuais. Hoje, esse número foi reduzido para 1.800 horas. A conclusão é que sobrou tempo para cuidar de si. Por isso, empresas que trabalham com terapias alternativas, saúde e beleza contratarão cada vez mais”.

Já as empresas ligadas à segurança protagonizam uma alta constante em seus lucros, e no mundo inteiro. “Na Europa, o que move o consumo por produtos e serviços de segurança é o medo do terrorismo. No Brasil, é a violência nos grandes centros urbanos”, afirma Guimarães.

Por fim, tudo relacionado à informação estará em alta em 2008 e nos anos seguintes. Segundo o diretor da BPI no Brasil, a citada busca por conhecimento causará aquecimento de setores ligados à Internet, a exemplo das empresas de tecnologia da informação. Além disso, o telemarketing continuará contratando muito. Nos últimos anos, houve uma contratação em massa de operadores.

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O diretor estima, também, uma escassez de programadores. “Nos próximos três anos, o País registrará uma demanda de 100 mil programadores, que não apenas saibam programar, mas que falem e compreendam bem o inglês. Mas não temos como atender essa demanda”, lamenta.