Empreendedorismo feminino não é moda, é negócio

Palestra na Campus Party fala sobre mulheres empreendedoras na geração Y: a “culpa” é das empresas

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Os executivos das grandes empresas ainda não entenderam que investir em mulheres é positivo não apenas para seus negócios, mas também para a economia como um todo. Ainda.

É o que defende a especialista Deb Xavier, criadora do site Jogo de Damas, em palestra nesta quinta-feira na Campus Party Brasil.

Deb sabe o que é discriminação de gênero: foi mãe aos 16 anos, enquanto estudava em colégio militar, e sofreu com os olhares tortos à época. “Mas os tempos estão mudando. A geração Y, diferentemente da Geração X, é filha de mães que trabalham”. O problema, comenta, é que os diretores das companhias maiores e mais tradicionais não fazem parte da geração Y.

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“É daí que vem o empreendedorismo feminino da geração Y”, explica. “Essas mulheres nascem em famílias que as incentivam a não dependerem financeiramente de homens e, com o crescimento da carreira, percebem que muitas vezes as promoções não ocorrem por mérito. Não sendo promovidas, elas decidem empreender”.

Falta incentivo, e isso é prejudicial

Mas nem todas as mulheres resolvem empreender: muitas delas desistem ou da carreira, ou das famílias; o que é extremamente prejudicial para a economia mundial.

“Os números mostram que empresas que investem em mulheres desempenham melhor e lucram mais”, explica Deb, que exemplifica: os países nórdicos, de maior IDH, são também os que mais investiram em igualdade de gênero no mercado de trabalho e, consequentemente, os que melhor se recuperaram da crise mundial de 2008. A OIT estimou em 2015 que investimentos para que mulheres passem a ganhar o mesmo que os homens – hoje elas ganham, para o mesmo cargo, em média 30% a menos – podem aumentar o PIB dos países em 7% em cinco anos.

A diferença também parte das residências: mulheres que recebem incentivos para investirem nas próprias casas podem ajudar a reverter a questão da previdência mundialmente. “Sabemos que as famílias querem cada vez menos ter filhos – e isso é principalmente porque não há incentivo para que as mulheres tenham uma carreira ao mesmo tempo em que cuidam da família”, explica a palestrante. “Muhammad Yunus [vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2006] provou que conceder microcrédito para que as mulheres invistam em casa e em suas carreiras é importantíssimo para a movimentação da economia”, exemplifica.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney