Em crescimento, carreira em cibersegurança paga salários de até R$ 22 mil e precisa de mais profissionais

Cibersegurança é uma preocupação crescente das empresas – e há poucos brasileiros especializados no mercado

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Mesmo com 13,5 milhões de brasileiros desempregados, a área de cibersegurança no país tem defasagem no número de profissionais qualificados enquanto cresce em ritmo acelerado. Não é um ponto fora da curva: no mundo inteiro há defasagem desse tipo de especialista.

Segundo estudo recente da Deloitte, o mercado mundial terá mais de 1,5 milhão de vagas até 2019 neste setor, enquanto crescem os prejuízos causados por ataques hackers a grandes empresas. Esses crimes devem gerar perdas de US$ 6 trilhões em 2021, contra US$ 3 trilhões em 2015.

Outra pesquisa, realizada pela Cybersecurity Nexus (CSX) da ISACA, nos Estados Unidos, mostrou que 59% das recebem pelo menos cinco candidatos para cada vaga que abrem área de cibersegurança, enquanto somente 13% delas recebem 20 ou mais proponentes. Para efeito de comparação, vagas em outras áreas costumam atrair, em média, entre 60 e 250 candidatos.

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Defasagem e busca por alto grau de conhecimento são apenas alguns dos fatores que fazem com que a área seja bem remunerada. De acordo com estudo publicado no início do ano pela consultoria Robert Half, a área de segurança entre os profissionais de tecnologia paga salários entre R$ 3,1 mil (para o cargo de analista) e R$ 22 mil (entre os gerentes de segurança).

No Brasil, a Soluti, empresa especializada em oferecer soluções de segurança e certificação digital, é um exemplo. O número de contratações de profissionais especializados em programação, rede, sistemas e segurança subiu 28% em relação a 2016, após crescimento de 45% em 2015. Sessenta colaboradores foram efetivados nas áreas de suporte, infraestrutura, segurança e desenvolvimento.

“Hoje o que se busca em um candidato é que ele tenha um perfil inovador, pois há sempre atualizações e novidades, que tenha um nível aguçado de curiosidade e, principalmente, que tenha a questão ética como forte característica, na medida em que o profissional vai lidar com informações extremamente sigilosas, precisando administrar e lidar com o principal bem da empresa – estas informações e a questão da estratégia”, explica Nara Saddi, Gerente de Recursos Humanos da empresa. Para ela, o mercado é escasso em termos de talento.

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O perfil também pode ser impeditivo no momento da seleção do profissional. “Em segurança em TI, muitos deles [candidatos] acabam tendo que reportar à outras áreas dentro da empresa, o que é muito difícil para este profissional que prefere atuar sozinho. Uma característica marcante é que preferem lidar com ferramentas e processos do que com pessoas e se satisfazem com resultados que dependem quase que única e exclusivamente do seu trabalho individual, mas quando se trabalha com cibersegurança é necessário que haja uma adaptação comportamental deste técnico para atender a política e cultura da empresa pelo fato de ter que dialogar com outros setores e atuar diretamente com informações sigilosas de corporações e pessoas”, complementa.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney