Em 10 anos, profissional da saúde está ganhando menos, mas trabalhando mais

Segundo dados do Dieese, ampliação das jornadas de trabalho chegou a um acréscimo de três horas

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SÃO PAULO – Entre os anos de 1998 e 2008, os profissionais da área da saúde passaram a trabalhar mais, contudo, estão ganhando menos.

Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (18) pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), contrariando o que vem ocorrendo em outros setores do mercado de trabalho, em dez anos, houve ampliação das jornadas dos profissionais de saúde, chegando a um acréscimo de três horas, por exemplo, dentre os empregados da rede pública da região metropolitana do Recife.

Em Belo Horizonte, também na rede pública, houve aumento de duas horas e, no Distrito Federal, de uma. Já as reduções no tempo de trabalho ficaram restritas aos empregados da esfera pública das regiões metropolitanas de Porto Alegre (-3 horas), do setor privado de Belo Horizonte (-1 hora) e do Distrito Federal (-1 hora).

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Ainda no que diz respeito ao número de horas trabalhadas, o levantamento aponta ser elevada a quantidade de trabalhadores da área de saúde que, com o objetivo de compensar a perda do poder aquisitivo do salário, trabalha além da jornada legal de 44 horas semanais. Esses profissionais correspondem a mais de 20% em todas as regiões analisadas. 

Salários
Apesar do crescimento na jornada de trabalho, de 1998 a 2008, os trabalhadores do setor de saúde viram suas remunerações diminuírem.

Em São Paulo, por exemplo, no ano passado, os profissionais da área ganhavam, em média, R$ 9,2 por hora; dez anos antes, este valor era de R$ 13,7, uma diferença de 32,9%.

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De todas as regiões metropolitanas pesquisadas pelo Dieese, somente a de Belo Horizonte registrou alta no rendimento dos profissionais no período analisado, saindo de R$ 8,9 para R$ 9 por hora, conforme mostra a tabela a seguir:

Rendimento médio por hora
Região Metropolitana 1998 2008 Variação
Belo Horizonte R$ 8,9 R$ 9 1,2%
Distrito Federal R$ 15,9 R$ 14,1 – 11,3%
Porto Alegre R$ 10,7 R$ 9,7 – 9,6%
Recife R$ 8 R$ 6 – 25%
Salvador R$ 10 R$ 7,9 – 21,3%
São Paulo R$ 13,7 R$ 9,2 – 32,9%

Fonte: Dieese

Público e privado
Na maioria das regiões, a queda dos rendimentos na saúde reflete a retração dos salários em estabelecimentos privados, que registraram reduções entre 32%, em São Paulo, e 4,5%, em Recife.

Na esfera pública, por outro lado, houve queda do rendimento hora apenas em duas regiões: Recife (-23,3%) e em Belo Horizonte (-3,4%).

Comparando os dois setores, tais trajetórias provocaram significativas disparidades, sobretudo em São Paulo, onde os assalariados da esfera privada ganhavam, em 2008, o correspondente a 68,6% do salário pago no setor privado.