Doutorado ou PhD: qual a diferença?

Os nomes são diferentes, mas o estudo nem tanto; você sabe qual dos dois programas se encaixa melhor em seus planos de carreira?

Equipe InfoMoney

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Depois que você termina o mestrado e quer continuar estudando, o que você faz? Depende: se você estiver no Brasil, faz um doutorado. No entanto, se você estiver nos Estados Unidos ou na Europa, você fará um PhD. O nome pode ser diferente, mas o estudo nem tanto. Mesmo assim, fica a dúvida: qual é a diferença entre doutorado e PhD?

De maneira geral, os dois programas de pós-graduação tem muito mais semelhanças do que diferenças. Apesar dos nomes diferentes, nos dois casos o estudante precisará cumprir certos requisitos em termos de aulas e trabalhos de pesquisa. E nos dois casos ele precisará propor e averiguar uma ideia nova. Mas as diferenças existem.

Estrutura do ensino superior

Segundo Daniel Costa, coordenador local da Euraxess, a sigla Ph.D. é uma abreviação de “Philosophy Doctor”, ou doutor em filosofia. De fato, a sigla vem da expressão latina “philosophiae doctor”, título que era concedido a quem chegava ao final de estudos em determinada área. E não precisa ser em filosofia: a palavra “philosophiae” remete à sua origem grega, de “amor ao conhecimento”.

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A Euraxess é uma organização da Comissão Europeia que visa promover a mobilidade de pesquisadores — tanto de europeus querendo ir para fora, quanto de estrangeiros querendo ir para lá. E segundo Daniel, quando um estudante vai fazer um doutorado no Brasil, os estudos e trabalhos que ele realizará são basicamente iguais aos que um aluno europeu ou estadunidense de PhD realizaria. Mas, curiosamente, o aluno brasileiro chega ao PhD com mais tempo de estudo que o aluno europeu.

Isso se deve à maneira como o ensino superior está estruturado em cada região. Por aqui, os alunos fazem a graduação (com duração de cerca de 4 a 5 anos), depois o mestrado (mais um ano e meio ou dois) e, então, o doutorado. Já na Europa, os alunos fazem primeiro uma “licença” (que dura três anos), depois um mestrado (mais dois anos) e, então, o PhD.

Ou seja: via de regra, o aluno brasileiro terá pelo menos seis meses a mais de estudo que o europeu ao chegar nesse “terceiro ciclo”. O primeiro ciclo é a graduação ou licença; o segundo, o mestrado; e o PhD ou doutorado é o terceiro — na Europa, aliás, isso é padronizado segundo a Declaração de Bolonha.

Mas esse tempo não é desperdiçado: “Em alguns casos o aluno brasileiro que vai fazer o mestrado na Europa consegue ‘pular’ o primeiro ano do programa”, comenta Daniel.

Unificação e objetivos

Além dessa diferença, há também o PhD na Europa se pauta por algumas diretrizes diferentes das que regem os programas de doutorado no Brasil. Em parte, isso se deve à União Europeia: de maneira a facilitar a mobilidade de pesquisadores entre os diferentes países do continente, há esforços de unificação entre os programs de ensino superior na Europa.

“Isso cria uma facilitação, e o acesso a doutorado é mais aberto na Europa porque não tem que validar diploma [indo de um país para o outro]. E tem programas que já preveem um tempo de deslocamento: você obrigatoriamente tem que fazer parte da sua pesquisa em outro país, por exemplo. Mas cada país europeu ainda mantém um pouco da sua estrutura”, conta Daniel.

Fora isso, enquanto no Brasil o doutorado ainda é praticamente uma garantia de que o pesquisador continuará na vida acadêmica, a Europa vem buscando orientar seus programas de PhD para aproximá-los do mercado de trabalho e dos problemas da sociedade.

“A Europa já constatou que precisa aumentar a empregabilidade dos doutorandos. Então eles são fundamentais não só para a ciência, mas são formados para serem cidadãos que conseguem sintetizar o conhecimento e inovar além da academia”, comenta Charlotte Grawitz, representante da Euraxess no Brasil.

Em junho de 2011, a Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia) publicou os “Sete Princípios do Treinamento Doutoral Inovador“, um conjunto de diretrizes que visa maximizar o impacto dos trabalhos de pesquisa na sociedade e a empregabilidade dos pesquisadores. Eles incluem “Opções de pesquisa interdisciplinar”, “Networking Internacional” e “Exposição à indústria e outros setores relevantes de emprego” como orientações para os programas.

Por isso, os programas de PhD na Europa, com mais frequência que os doutorados brasileiros, têm proximidade com empresas, ONGs ou órgãos do governo. E, em alguns casos, o pesquisador também pode ter dois orientadores diferentes, para fomentar a interdisciplinaridade — o que é pouco comum por aqui.

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