Economia não anda bem e desemprego vai crescer; quais setores vão sofrer?

O baixo desemprego revela que, em 2014, o mercado estava aquecido, contratando em grande número e demitindo pouco

Júlia Miozzo

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SÃO PAULO – O mercado de trabalho varia constantemente e, no começo de cada ano, economistas e especialistas fazem suas previsões dos rumos que ele deve tomar ao longo do ano.

Felippe Serigati, economista e professor, toma como base os números registrados em 2014 para indicar como deve andar o mercado este ano. “A taxa de desemprego em novembro do ano passado era de 4,8%, um número muito baixo. Mas por questões demográficas, a estimativa é de que esse número aumente, embora não fortemente”, disse.

O baixo desemprego revela que, em 2014, o mercado estava aquecido, contratando em grande número e demitindo pouco, embora dados do IBGE mostrassem uma mudança: o número de contratações e pessoas “ocupadas” diminuiu no segundo semestre, devido ao encolhimento da força de trabalho brasileira e diminuição da população brasileira ativa. Em todo 2014, 2,2% da força de trabalho sofreu diminuição, enquanto que a taxa de diminuição da população brasileira em idade produtiva foi de apenas 1,5%.

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Esses dois fatores, somados, indicam o aumento na taxa de desemprego estimado por Serigati. Outro motivo a influenciar o aumento da taxa é a desaceleração dos setores que mais empregam no país – de varejo e serviços. Para o primeiro, o crescimento esperado para este ano é entre 2% e 2,5%, contra 6,6% registrados em 2013, e o segundo não deve ultrapassar os 3%.

O pouco crescimento, entretanto, não indica que os setores sofrerão uma redução – é apenas uma desaceleração. Eles continuam a ser as apostas para 2015 em meio à crise que os outros setores enfrentam.

O setor industrial continua “apanhando”, nas palavras de Serigati; em novembro, encolheu em 5,8%. O de agronegócio tem passado por um processo de reajustes e o automobilístico enfrenta uma forte crise, como visto com as recentes demissões da Mercedes e Volkswagen e os cada maiores estoques da empresas. 

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Ele destaca que as estimativas de 2014 apontavam os setores de indústria do petróleo e infraestrutura como as apostas de emprego esse ano, mas logo no início do ano já vimos a crise que ambos enfrentam: o primeiro sofre com os escândalos políticos envolvendo a Petrobras e a queda livre do preço do petróleo, enquanto o segundo acaba sofrendo pelo mesmo motivo já que as principais construtoras também estão envolvidas na operação lava-jato.

Portanto, como prevê o economista, a tendência é de que as contratações não apresentem um aumento significativo, mas o desemprego, sim. Cargos administrativos, com mão de obra formal, devem permanecer estáveis e com baixo índices de cortes, enquanto a mão de obra básica, do setor informal, pode ser mais instável. Portanto, com o mercado em franca desaceleração, pode ser difícil de mudar de emprego em 2015 ou conseguir uma recolocação no mercado.