Doutor titulado recebe R$ 7.671, mas valor pode variar 44% dependendo da área

Segundo pesquisa, os titulados na área de Linguística recebem o menor valor médio, R$ 6.935; Sociais paga mais, quase R$ 10 mil

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – O número de doutores titulados no Brasil aumentou entre 1996 e 2008. E a remuneração média desses profissionais especializados, que conseguiram o título entre 1996 e 2006, alcança os R$ 7.671, considerando todos os seus vínculos empregatícios.

Aqueles que conseguiram o título em 1996 recebem em média 32% mais do que aqueles que se titularam dez anos depois, em 2006 – considerando aqueles empregados em 2008.

De acordo com estudo divulgado pelo Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e realizado pelo CGEE (Centro de Gestão de Estudos Estratégicos), do Ministério da Ciência e Tecnologia, a remuneração média dos doutores de 1996 era de R$ 9.014, e a dos de 2006, de R$ 6.823.

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Os pesquisadores do estudo ressaltam contudo que o fator tempo não determina a remuneração desses profissionais. “É preciso reconhecer que há um conjunto de fatores que pode estar determinando de forma simultânea as variações nas remunerações detectadas”, dizem. Outras variáveis entram na conta, como o número de vínculos empregatícios, número de horas de trabalho semanais e área de conhecimento.

Remuneração pode variar 44% dependendo da área
Considerando as áreas de conhecimento, o estudo aponta diferenças de até 44% nas remunerações médias. A menor remuneração média entre os doutores empregados em 2008 foi verificada entre os que atuam na área de Linguística, Letras e Artes – eles recebem cerca de R$ 6.935. Já o maior valor médio foi encontrado na área das Ciências Sociais Aplicadas, de R$ 9.997.

O alto valor recebido pelos doutores da área de Sociais pode ser explicado pelo número de vínculos empregatícios desses profissionais. Segundo aponta o estudo, os doutores dessa área têm, em média, 1,5 empregos. Porém, essa explicação não cabe para aqueles titulados na área da Saúde, que recebem a segunda menor remuneração média, de R$ 7.033, mas são os que mais têm vínculos empregatícios, de 1,6 empregos em média.

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“Eles também são os doutores que têm contratos de trabalho vigente há mais tempo no principal vínculo empregatício”, analisam os pesquisadores. “É possível que essa baixa remuneração esteja relacionada com o fato de muitos doutores dessa área complementarem sua remuneração com rendimentos recebidos por serviços prestados como profissionais liberais ou autônomos”.

Considerando as outras áreas de conhecimento, os titulados na área de Engenharia recebem a segunda maior remuneração média, de R$ 8.310, seguidos por aqueles especializados em Ciências Multidisciplinar, que contam com uma remuneração de R$ 7.879. Todas as outras áreas estão abaixo da média identificada pela pesquisa (R$ 7.671).

Ao lado de Letras e Saúde, a área das Ciências Biológicas também está abaixo da média e os doutores titulados nessa área recebem, em média, R$ 7.179, seguidos dos titulados na área das Ciências Agrárias (R$ 7.395), Exatas e da Terra (R$ 7.467) e Humanas (R$ 7.593).

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Doutores do Centro-Oeste recebem mais
Dentre os doutores titulados em 1996, que estavam empregados em 2008, 68,3% trabalhavam na região Sudeste. Passados dez anos, a concentração diminuiu, mas ainda é forte. Dos titulados em 2006, 53% atuavam em 2008 na região. Apesar disso, o Sudeste não é a região que melhor remunera os doutores. Ao contrário, os doutores que atuam na região recebem abaixo da média, R$ 7.621,70.

A localidade que melhor paga esses profissionais é a Centro-Oeste. Os doutores empregados em 2008 na região recebiam, em média, R$ 8.700,60. Segundo os pesquisadores, a elevada remuneração na região é influenciada pelo Distrito Federal, onde existe um grande número de instituições de administração pública – o segundo segmento que mais emprega doutores, só ficando atrás de Educação.

Considerando as outras regiões, o Norte remunera acima da média, R$ 8.123,40. Já a Sul está abaixo da média. Os doutores que atuam nessa região recebem em torno de R$ 7.522,50. Os que trabalham no Nordeste são os que recebem menos: em média, R$ 7.321.

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Doutoras ganham menos que doutores
A pesquisa ainda identificou que as mulheres com título empregadas em 2008 recebem 11% a menos que os homens. Naquele ano, elas recebiam, em média, R$ 7.202,90 contra R$ 8.097,10 deles. A explicação pode estar no número de horas trabalhadas.

No período de 1996 a 2006, eles trabalharam 35,8 horas por semana, contra 35,1 horas delas. Considerando os meses de trabalho, eles trabalharam, em média, 134,4 meses ao longo de dez anos, contra 129,9 meses delas. “As diferenças nessas variáveis parecem ser pouco significativas para explicarem toda a diferença de remuneração média existente”, consideram os pesquisadores.

Início difícil
Quando o assunto é remuneração, mesmo os doutores recém-formados ficam atrás. O estudo aponta que a média mensal de profissionais titulados em 2007 e 2008, já empregados, é de R$ 6.104,52 – valor 20,4% menor que os doutores titulados entre 1996 e 2006.