Dinheiro do FGTS ainda rende com Petrobras

Quem compara com o início da aplicação, está no lucro. Mas houve perda para quem pensa no auge da cotação dos papéis

Estadão Conteúdo

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Muitos trabalhadores que há 14 anos aplicaram o dinheiro que tinham no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em ações da Petrobras e que acompanham ano a ano seus extratos estão hoje certos de terem perdido muito dinheiro com a derrocada do papel na Bolsa de Valores. Mas, por enquanto, essa perda é relativa. Quem compara com o início da aplicação, está no lucro. Mas houve perda para quem pensa no auge da cotação dos papéis.

Desde que o fundo de privatização da Petrobras, que tem o nome oficial de FMP Petrobras, foi lançado em 17 de agosto de 2000 até hoje, o rendimento total foi superior a 300%, dependendo do fundo em que o trabalhador aplicou. A inflação nesse mesmo período foi de 150%, segundo dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), ou seja, o fundo registrou um ganho real.

Mas é possível ainda afirmar que os trabalhadores não perderam dinheiro porque se o tivessem deixado parado no FGTS teriam ganhos inferiores a 100% de rentabilidade em todo esse tempo, ou seja, menos do que a inflação e menos ainda do que se tivessem aplicado nas ações da estatal.

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Prejuízo

A sensação de perda, porém, é grande porque durante todos esses anos o fundo chegou a render quase 1.500%. Para ter uma ideia, quem aplicou R$ 1.000 no fundo de privatização em 2000 e sacou o dinheiro sete anos depois, em dezembro de 2007, retirou R$ 15 mil. Foi no fim daquele ano e durante o ano de 2008 que o fundo teve seu pico de valorização. Quem acompanhou o extrato ano a ano e ainda não retirou o dinheiro teve uma grande decepção, pois se tinha R$ 15 mil em seu extrato em 2008, hoje só tem R$ 3 mil. É mais, mas é menos, brincam alguns educadores financeiros que não quiseram se identificar porque não querem se arriscar a dar palpite sobre o que fazer a aplicação agora.

Comparação

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O jornal O Estado de S. Paulo fez uma análise dos três fundos de privatização da Caixa Econômica Federal, que na época arrecadou R$ 800 milhões nestes três produtos. O fundo acompanha diretamente o comportamento da ação ordinária (ON) da Petrobras em bolsa, segundo o superintendente de gestão da Caixa, Marcelo Perossi.

Somente os fundos administrados pela Caixa respondem hoje por 2% do total das ações ordinárias da Petrobras, segundo Perossi. Estas ações dão direito a receber dividendos, que são reaplicados no fundo.

Com as investigações em torno dos pagamentos de propinas que podem fazer com que a empresa tenha que reavaliar seus ativos, os pagamentos de dividendos para os fundos de privatização podem ser afetados.

Perdas

A empresa deixou de publicar pela primeira vez seu balanço trimestral e as ações que neste ano vinham se recuperando caíram fortemente. Em 2014 as perdas das ações ordinárias da Petrobras chegam a 21%. Somente em novembro, quando as denúncias em torno da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, se intensificaram com os acordos de delação premiada, as ações caíram 17%.

Um dos motivos é que a empresa terá de registrar perdas no balanço. Além disso, se os auditores continuarem a se negar a dar seu aval ao balanço, parte da dívida da empresa poderá ter que ser paga antecipadamente, por motivos legais. Muitos analistas não recomendam mais a compra dos papéis. O Banco Safra reduziu a recomendação para “neutro”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.