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SÃO PAULO – Brasileiras ainda recebem menos que os homens. Estudo divulgado nesta quinta-feira (10) pela Organização Mundial do Trabalho (OIT) mostrou que, em 2004, a remuneração delas representava 87% do valor deles – o que mostra uma melhora na comparação com a proporção de 61% registrada dez anos antes, em 1994.
De acordo com o levantamento, dos 18 países da América Latina pesquisados pela organização, apenas dois sentiram uma piora nesse cenário. Na Argentina, trabalhadoras antes recebiam 76% do salário dos homens, índice que caiu para 68% em 2004. Na República Dominicana, proporção passou de 90% para 89%.
Demais países
Na AL, o Uruguai é o país que possui a maior diferença de salário por gênero. Veja a lista completa:
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Proporção de remuneração: salário masculino x feminino |
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País | Em 1994 | Em 2004 | |
Argentina | 76% | 68% | |
Bolívia | 61% | 77% | |
Brasil | 61% | 87% | |
Chile | 70% | 83% | |
Colômbia | 83% | 99% | |
Costa Rica | 75% | 85% | |
República Dominicana | 90% | 89% | |
Equador | 76% | 87% | |
El Salvador | 79% | 100% | |
Guatemala | 70% | 80% | |
Honduras | 73% | 95% | |
México | 68% | 78% | |
Nicarágua | 77% | 82% | |
Panamá | 75% | 85% | |
Paraguai | 64% | 95% | |
Peru | 73% | 78% | |
Uruguai | 63% | 71% | |
República Bolivariana da Venezuela | 83% | 99% |
Fonte: OIT
Questão cultural
Um dos motivos apontados por técnicos da OIT no documento de divulgação do estudo para essa diferença de remuneração, em nível mundial, é uma a questão cultural. “Como na maioria das sociedades as mulheres carregam a maior carga de responsabilidade familiar, acaba havendo maior desigualdade”, explicaram.
“As tensão que surgem entre a vida profissional e a família limitam as opções das mulheres em não trabalhar e trabalhar e, neste caso, entre onde e qual tipo de função podem exercer”, adicionaram.
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Discriminação direta e indireta
Em nível mundial, a OIT constatou ainda que existe uma discriminação direta quando o assunto é remuneração no trabalho. Em primeiro lugar, mesmo exercendo as mesmas funções, homens ganham deliberadamente a mais do que suas colegas de trabalho. Além disso, em alguns casos, são dados nomes diferentes para a mesma função exercida entre os sexos – o que explicaria a diferença do retorno financeiro.
Quando o assunto é preconceito indireto, a organização cita os seguintes pontos:
- Qualificações, competências e responsabilidades são depreciadas com as trabalhadoras;
- São analisados critérios diferentes na hora de promover homens e mulheres;
- São analisados critérios diferentes para a classificação de postos de trabalho entre os sexos;
- São analisados critérios diferentes na hora de definir o sistema de remuneração dos postos de trabalho de ambos os gêneros.
De forma geral, o documento expressa que as medidas adotadas para promover a igualdade de gênero no trabalho, além da conciliação emprego/família, podem ajudar a reduzir as diferenças de remuneração. Dessa forma, são favorecidas as experiências, o trabalho, formação e perspectiva de carreiras das mulheres.