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Diferença entre reajustes da tabela do IR e salários prejudica trabalhador

Quanto maiores forem o salário e o reajuste, maior será a fatia dos ganhos que vai direto para a Receita Federal

Patricia Alves

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SÃO PAULO – Parte dos ganhos obtidos pelo trabalhador que teve aumento salarial em 2009 foi direto para a Receita Federal.

De acordo com levantamento da Ernst & Young, em função da defasagem acumulada da tabela do imposto de renda, até 23,08% do aumento salarial vai para a boca do leão. Segundo o estudo, quanto maiores forem o salário e o reajuste, maior será a fatia dos ganhos que vai para a Receita.

“Quem em 2009 se enquadrava numa faixa de tributação, com o aumento conseguido pode ter sido enquadrado numa faixa que prevê recolhimento maior, dependendo do percentual do reajuste”, explica Tatiana da Ponte, sócia da área de Imposto de Renda Pessoa Física da Ernst & Young para a América do Sul. “E mesmo que o contribuinte tenha se mantido na mesma faixa salarial, se o aumento foi superior a 4,5%, valor pelo qual a tabela foi corrigida, o contribuinte passou a pagar mais IR em 2010.”, completa.

Descompasso
Segundo a Ernst & Young, desde 1996, quando houve um congelamento da tabela progressiva do imposto de renda, a inflação acumulada medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é de 90,65%. A partir de 2001, quando houve novamente reajuste da tabela, as atualizações acumulam 53,5%, ou seja, uma defasagem acumulada de 37,15% da tabela para, no mínimo, absover o impacto da inflação no período.

“Se considerarmos que, em média, a remuneração aumentou acima da inflação, nem mesmo essa atualização da tabela pelo IPCA seria suficiente para garantir ao trabalhador que seu reajuste não vá direto para o cofre do governo”, afirma Tatiana.

Em números
A simulação elaborada pela Ernst & Young utiliza quatro faixas salariais e três possibilidades de dissídio ou aumento. Na tabela abaixo, segue a simulação das quatro faixas para apenas um exemplo de reajuste, de 5,5%. 

Reajuste e aumentos salariais ampliam número de contribuintes
Salário Bruto
em 2009 
IR 2009
(alíquota) 
IR 2009
(mensal) 
Salário líquido Aumento Salário
Bruto em 2010
IR 2010 (alíquota) IR 2010 (mensal) Salário líquido IR 2010 (anual) Aumento (bruto) Aumento matemático do imposto Aumento matemático x aumento bruto Aumento econômico do imposto Aumento econômico x aumento bruto
2.150 7,5% 53,66 2.096,34 5,5% 2.268,25 15% 59,30 2.208,95 711,57 118,25 5,64 4,77% 3,22 2,73%
2.866,70 15% 161,17 2.705,54 5,5% 3.024,37 22,5% 174,86 2.849,51 2.098,35 157,67 13,70 8,69% 6,45 4,09%
3.582 22,5% 322,11 3.259,89 5,5% 3.779,01 27,5% 346,45 3.432,56 4.157,37 197,01 24,34 12,35% 9,84 5%
4.500 27,5% 574,56 3.925,44 5,5% 4.747,50 27,5% 612,78 4.134,72 7.353,39 247,50 38,22 15,44% 12,37 5%

Para efeito dos cálculos e demonstrativos acima são consideradas as seguintes premissas:

1 – Salários Brutos são reajustas em 01/01/2010, concomitantemente ao reajuste da Tabela Progressiva do IR

2 – Salários Brutos se mantêm iguais ao longo dos anos de 2009 e 2010

3 – Todos os valores denominados “Salário Bruto” devem ser considerados após desconto de INSS

4 – Tratam-se de alíquotas de IR nominais no mês a mês, sem deduções de dependentes, já líquidos de INSS

5 – Foi desconsiderada a variação de INSS de janeiro de 2009

6 – Aumento matemático de imposto refere-se ao valor absoluto obtido da diferença entre o IR 2010 (mensal) e o IR 2009 (mensal)

7 – Aumento econômico do imposto refere-se ao valor absoluto obtido da diferença entre o IR 2010 (mensal) e o IR 2009 (mensal), menos o reajuste/atualização de 4,5% da Tabela Progressiva do IR