Dieese: pisos salariais perderam valor em comparação com o mínimo

Pesquisa do Dieese informa que o piso salarial não acompanhou a evolução do mínimo, que deveria ser de R$ 1.452,84

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – O piso salarial negociado neste ano perdeu representatividade frente ao salário mínimo oficial. A análise é do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), que divulgou sua pesquisa sobre o comportamento dos pisos salariais nesta segunda-feira (28).

Os pisos salariais são responsáveis pela elevação do patamar salarial brasileiro. Par isso, o piso de cada categoria é definido por convenção coletiva através de negociações entre empregadores e sindicatos.

Neste ano, por exemplo, 26,9% das negociações decidiram por um único piso para todos os trabalhadores, mas 52,5% das convenções coletivas escolheram que a melhor forma de definir o salário a ser pago é baseando-se na função de cada um. Definir o piso por tempo de serviço, tamanho da empresa, localidade etc, foi a decisão dos outros 46,1% das negociações.

Continua depois da publicidade

O Dieese acredita que os salários base são definidos de acordo com o mínimo oficial, hoje em R$ 300. A pesquisa informa que cerca de 52% dos pisos estão entre 1,26 e 1,75 salários, enquanto apenas em 4,6% dos casos os pisos superam três salários.

Maiores salários

O setor de Serviços é responsável pelos melhores pisos salariais pagos. Neste segmento, 19 das 25 convenções (32%) estipularam mais de 2 mínimos como provento base. Sem tanta generosidade, esse nível salarial só foi definido em 12% dos acordos no comércio e 3% entre os industriais.

Se for feita uma média, contata-se que o maior de todos os pisos também fica com o setor de Serviços, cuja média em 2005 é de 1,91 salário. Esse nível é bem menor no Comércio (1,66) e Indústria (1,47).

Ramos de trabalho

O maior salário base em Serviços é pago pelo ramo de Saúde (R$ 1.709,40). No Comércio, o salário mais vantajoso está no ramo de Minérios e Derivados de Petróleo, enquanto entre os industriais, o piso fica com Construção e Mobiliário, que remunera em R$ 608,94.

Valendo-se desses dados, o Dieese chegou à conclusão de que os pisos salariais não acompanharam a evolução do salário mínimo. No primeiro semestre de 2005, essa proporção foi de 1,65 salário, enquanto no mesmo período do ano passado (quando o mínimo ainda valia R$ 260,00) o piso representava, em média, 1,71 mínimos.

“Evidencia-se que também no setor formal da economia o salário mínimo é referência para o estabelecimento de patamares mínimos de remuneração”, destaca o Dieese em nota. Por este motivo, seria importante a definição de uma política de valorização do salário mínimo.

Mínimo ideal

Pensando nisso, o Departamento Intersindical projeta mês a mês um salário mínimo ideal para cobrir as necessidades previstas na Constituição Federal. A média para os seis primeiros meses do ano ficou em R$ 1.452,84, o que evidenciaria a defasagem não só do mínimo como dos pisos salariais.