Dieese: comerciários de SP fazem hora extra, trabalham aos domingos e ganham mal

Estudo divulgado nesta quinta-feira (28) retrata o mercado de trabalho dos profissionais de atacado e varejo

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (28) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) traz o retrato dos comerciários de São Paulo. O estudo, realizado entre fevereiro e abril deste ano, foi encomendado pelo Sindicato dos Empregados no Comércio de São Paulo com o objetivo de colher subsídios para orientar a campanha salarial destes profissionais.

Dentre os cerca de mil comerciários entrevistados, a maioria absoluta, 70,7% do total, diz respeito aos trabalhadores do comércio varejista, enquanto 18% trabalham no setor de atacado. O restante, ou atua na venda de veículos, ou nas vias públicas.

Jornada média de trabalho supera a legal

No que se refere à jornada de trabalho destes profissionais, os dados do estudo indicam uma elevada média diária de horas: 48 por semana. Quase 64% dos comerciários trabalham mais do que 44 horas por semana (jornada legal), chegando ao limite de 55 horas. E é no varejo que se trabalha mais, já que a jornada destes ficam em média em 56 horas, contra 49 horas dos que atuam no setor atacadista.

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E já que ficou constatado que 68,2% dos assalariados formais do comércio trabalha mais horas do que o previsto durante a semana, a pesquisa questionou suas opiniões em relação à retribuição das horas extraordinárias.

Considerando tanto o varejo quanto o atacado, 69,65% deles acreditam que as horas devam ser pagas; enquanto 19% acreditam que deveria haver um reconhecimento financeiro sim, mas uma parte compensada com descanso.

Trabalho aos domingos e feriados

Outra análise feita pelo Dieese diz respeito ao trabalho aos domingos e feriados, muito freqüente entre os funcionários do comércio, sobretudo os trabalhadores do varejo. Para se ter uma idéia, 41,1% dos comerciários trabalham aos domingos, sendo que 55,7% deles não recebem a mais por isto ou têm acesso ao vale-refeição de R$ 10, conforme manda a lei.

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A legislação municipal e a convenção coletiva sindical da categoria estabelecem que o trabalho ao domingo é permitido desde que realizado de forma alternada, no entanto, apenas 37,4% dos que trabalham aos domingos obedecem à sistemática. Sobre folgar durante a semana, como prevê as normas legais, 39% alegaram nunca ter acontecido concessão do gênero.

Quando a questão é o trabalho em feriados, 56,7% dos comerciários são escalados, segundo a pesquisa, muito embora 19,6% deles não sejam compensados como determina a normatização do trabalho nestas ocasiões, seja em remuneração ou folgas. Já 40% deles recebem o dia em dobro em dias feriados, e 20,75% ganham uma folga adicional.

Remuneração é insatisfatória

Finalmente, o principal ponto: a remuneração. Com os menores salários entre os setores da economia, a remuneração média dos comerciários chega a R$ 815, mesmo patamar dos trabalhadores do setor atacadista. Já no setor varejista, os salário médios apurados ficaram em R$ 790.

Pelo fato de trabalharem no comércio, é comum que recebam remuneração variável, certo? Pela pesquisa, nem sempre. Isto porque apenas 22,4% têm remuneração fixa, enquanto uma parcela não quantificada receba apenas comissão mais o valor de um descanso remunerado por semana. Uma parcela maior, de 68,9%, ganha apenas o salário fixo do mês.

Por último, trabalhadores do atacado (86%) possuem mais benefícios do que os do varejo (66,4%), mas em ambos os casos os itens mais freqüentes neste quesito são: vale transporte (média de 84%), convênio médico (53,1%) e auxílio alimentação/refeição (38,6%).