Desigualdade no Brasil diminuiu mais lentamente durante a crise, afirma Ipea

Estudo baseado na Pnad mostrou que impacto da crise no mercado de trabalho fez reduzir queda nos índices de desigualdade

Evelin Ribeiro

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SÃO PAULO – Com o desemprego resultante dos problemas enfrentados por muitas empresas no Brasil, devido à crise financeira internacional, o ano de 2009 registrou uma diminuição na queda da desigualdade, que vinha ocorrendo no País a um ritmo regular.

De acordo com o estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgado nesta terça-feira (5) com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009, o Coeficiente de Gini (índice que mede a distribuição de renda) vinha caindo, em média, 0,72 ponto ao ano, entre 2005 e 2008. Já em 2009, o indicador caiu apenas 0,53 ponto. O Coeficiente de Gini varia entre 0 e 1, no qual zero é o país menos desigual e 1 significa o grau máximo de desigualdade.

“Essa redução não é preocupante nem indica o início de uma tendência de menor redução da desigualdade”, afirma o Ipea. “A redução do ritmo foi resultado apenas de um mercado de trabalho negativamente impactado pela crise financeira”, completou.

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O Ipea ainda defende que as medidas de combate aos efeitos da crise, como o aumento do salário mínimo, “parecem ter mitigado os efeitos negativos do mercado de trabalho”.

Menos pobres
O estudo mostrou que o País enfrentou três períodos distintos na evolução da distribuição de renda. O primeiro, de 1995 a 2001, mostrou uma estabilidade, sem muitas mudanças na desigualdade e na renda média.

De 2001 a 2004, houve pouco crescimento geral – a renda cresceu apenas 3,6%. Porém, os 20% da população mais rica perderam renda, a população de renda intermediária teve ganhos também intermediários e o vigésimo da população mais pobre viu sua renda aumentar 64%.

“De 2005 a 2009, todos os vigésimos experimentaram fortes ganhos de renda. As pessoas na metade mais pobre foram as que tiveram maior crescimento na renda – entre 31% e 35%. Já a renda das pessoas na metade mais rica cresceu entre 13% e 30%, um bom aumento, mas bem menor que o dos mais pobres, o que caracteriza redistribuição de renda”, apontou o relatório.