Desemprego na crise afetou mais os “não pobres”, revela Ipea

Entre os não pobres, desemprego cresceu 7,3%, passando de 4,1% em setembro de 2008 para 4,4% em julho deste ano

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou que o desemprego na crise afetou quem tinha maior renda.

De acordo com os dados, divulgados nesta terça-feira (22), a partir da contaminação da crise internacional no Brasil, que aconteceu em outubro do ano passado, a taxa de desemprego entre os “não pobres” aumentou 7,3%, passando de 4,1% em setembro de 2008 para 4,4% no mês de julho deste ano.

No mesmo período, a taxa de desemprego entre os pobres aumentou 6%, passando de 21,8% para 23,1%. Desta forma, a desigualdade entre as duas taxas de desemprego caiu levemente, de 5,3 vezes em setembro de 2008 para 5,2 vezes em julho deste ano.

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Perfil do desemprego

Entre julho de 2002 e deste ano, a pesquisa mostra que a taxa de desemprego entre os pobres cresceu 10%, para 23,1%, enquanto a taxa para os não pobres aumentou 34,3%, para 4,4%.

De maneira geral, o desemprego concentra-se nos segmentos etários mais jovens, sobretudo aquele com 21 a 40 anos de idade, que compõem 59,9% dos não empregados em julho de 2009. Para os trabalhadores com mais de 41 anos de idade, a presença no total do desemprego das regiões metropolitanas ficou abaixo de 18% do total.

Quando feita uma análise por gênero, é interessante verificar que os homens eram 47,7% dos desempregados em julho de 2002, mas passaram a 44,8% no mesmo mês deste ano, o que mostra um aumento da participação das mulheres entre os sem emprego.

Em relação ao nível de escolaridade, o desemprego tem crescido entre aqueles com mais anos de estudo. Para se ter uma ideia, em julho de 2009, 56,1% dos desempregados no Brasil metropolitano tinham a partir de 11 anos de escolaridade, enquanto em julho de 2002 eles representavam menos de 36%.

Enfim, o estudo concluiu que o “desemprego está, com frequência, na origem dos fatores que geram pobreza no Brasil. O aumento da ocupação e da geração de renda é um fator determinante para diminuir o número de pobres. Apesar disso, no Brasil metropolitano, persiste a desigualdade entre os desempregados, exigindo maior e mais ampla ação por parte das políticas públicas”.