De técnico para generalista: muda perfil do executivo brasileiro

Se, no passado, profissionais precisavam conhecer a própria área, agora, eles necessitam de conhecimento geral

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Com o decorrer do tempo, para atender ao público-alvo, as empresas passam por transformações. Conseqüentemente, começam a exigir um perfil diferenciado de seus executivos. De acordo com o consultor do Grupo Soma, Celso Eduardo da Silva, a mudança mais expressiva foi de um caráter técnico para uma escolha por profissionais generalistas. “O perfil tem mudado de acordo com a necessidade que as empresas têm de se manter no mercado”, afirmou.

Isso significa que uma pessoa com alto grau de formação, domínio técnico exemplar e comportamento bom pode não conseguir um alto cargo, por não ter conhecimento de mercado, não somente da empresa em que irá trabalhar, mas também das concorrentes. É preciso ter informações sobre todos os processos do ramo em que trabalha. Ler jornal é fundamental, para saber o que acontece no mundo.

Idade, sexo, formação

Com relação à idade dos executivos, Silva ainda afirma que é bastante diferenciada. “Houve uma época em que as pessoas em torno de 30 anos já estavam na função de liderança, mas o mercado voltou a mesclar juventude e experiência. É bem mesclado. O que vale é a atualização e o conhecimento geral”.

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Ele ainda afirmou uma outra tendência: as mulheres estão chegando aos cargos executivos. A participação delas no mercado de trabalho tem aumentado cada vez mais. Em 2006, elas somavam 42,6 milhões. De 2004 para 2005, essa participação cresceu de 43,1% para 43,5%. Já de 2005 para 2006, o percentual passou para 43,7%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “A partir da década de 1970 para cá, houve uma menor discriminação. E dando oportunidades, elas crescem na carreira como os homens”.

Quando o assunto é a formação profissional, o consultor não tem dúvidas quanto ao alto grau dos executivos brasileiros. Para ele, a pós-graduação já é requisito básico para um nível intermediário de funcionário. “Um executivo já tem MBA e fala duas línguas. O executivo brasileiro já pode ser comparado com o de outros países”.

Qualidades

O que faz com que o executivo brasileiro se sobressaia aos de outros países é a criatividade, o que pode ser explicado pela economia, que passa por transformações e exige capacidade de adaptação das empresas.

Com relação ao espírito empreendedor, o consultor disse que ainda é tímido no Brasil, até mesmo pela segurança que as empresas oferecem nos empregos. “Isso inibe o potencial em termos de empreendedorismo. Os executivos acabam nem pensando em fazer isso”. A tendência é que se tornem prestadores de serviço ou consultores.

Outra qualidade exigida dos executivos é a capacidade de lidar com as pessoas. “Os resultados dependem do comportamento”. O perfil da liderança brasileira é ser democrático, que desenvolve a criatividade, a qualidade e a ordem. Em algumas empresas, quando a criatividade precisa ser mais explorada, como as de publicidade e propaganda, a gestão é mais à vontade.