De olho no futuro do País, jovens mudam a cara do funcionalismo público

Estabilidade e bons salários não são mais os únicos atrativos. Nova geração de servidores quer, de fato, servir o público

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – Funcionários mal-humorados, acomodados, alheios às tarefas que devem ser executadas, porém bem pagos. Esse perfil negativo do servidor público, embora fortemente disseminado, está mudando. E, se depender da nova geração de candidatos às vagas em órgãos públicos, ele já não coincide mais com a realidade.

Há muito que os bons salários deixaram de ser os únicos atrativos para quem se candidata a uma vaga no setor. Hoje, os novos candidatos buscam mais que isso quando deixam a iniciativa privada de lado. “Eles têm um desejo de tomar nas mãos o rumo do País”, acredita o sócio majoritário da consultoria de processos seletivos Steer Recursos Humanos, Ivan Witt.

O idealismo em, de fato, servir o público contribuinte está atraindo cada vez mais jovens em início de carreira para a área. A vontade de fazer parte ativa no crescimento do País, a possibilidade de já ingressar em áreas importantes e estratégicas logo no início e o espírito empreendedor fazem dessa geração a nova cara do serviço público – formado por profissionais especializados e comprometidos.

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“Esse jovem se sente atraído pela seleção democrática e pela falta de exigência de experiência anterior”, acrescenta o diretor de Recursos Humanos da Central de Concursos, José Luís Romero Baubeta. Além disso, ele afirma que esse jovem se sente desestimulado no setor privado – que exige muito em troca de salários baixos e, por vezes, oferece um plano de carreira que não coincide com o esperado pelo profissional.

Vontade de mudar
Witt lembra que a ampliação da transparência das contas públicas está incentivando os novos candidatos a migrarem do setor privado para o público. “Os jovens sabem que o setor público tem como investir em áreas de pesquisa tecnológica e infraestrutura, por exemplo”, afirma. E essa percepção, ele explica, foi intensificada pela maior transparência das contas – o que possibilita aos candidatos mensurar o tamanho da máquina na qual querem fazer carreira. “As oportunidades existem”, pontua.

E é em busca delas que jovens saem da faculdade com foco em concursos. A vontade de mudar a cara do serviço público do País, aliado ao desejo de ajudar de fato a população e à possibilidade de traçar um plano de carreira concreto são características dessa nova geração do funcionalismo público. “Os jovens sabem diferenciar um cargo de carreira de um cargo político”, ressalta Witt.

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Para Baubeta, a ideia de construir uma carreira sólida que permita não só contribuir para o bem público, mas traçar planos pessoais, também são fatores que influenciam esses jovens profissionais. “A necessidade e a felicidade têm de andar juntas”, diz. “No setor público, você tem a possibilidade de planejar sua vida”, conta o especialista, que ressalta: “O serviço público é um projeto de vida a médio e a longo prazo”.

Colocar em prática o espírito de liderança e de empreendedor logo no início de carreira também atrai cada vez mais candidatos às vagas públicas, já que exercer cargos que desempenhem funções como essas no setor privado demanda mais tempo. “Para conseguir isso, a pessoa deve investir em educação e ter comprometimento”, ressalta Baubeta.

De olho no crescimento do País
A nova geração de servidores mira alto. Cargos que fogem da burocracia e que contribuem diretamente para o desenvolvimento do País são os alvos preferidos. “Órgãos técnicos como a Petrobras e o Banco do Brasil, por exemplo, são de ponta”, exemplifica Witt. Para o especialista, áreas que combinem um bom salário com atividades que propiciem desafios atraem mais pela possibilidade de gerar mudanças estruturais.

Além disso, Baubeta pontua que a soma de um bom ambiente de trabalho, com incentivo e disponibilidade de recursos para dar suporte ao exercício da profissão são levados em conta pelos jovens profissionais na hora de escolher uma vaga. E, diferente do que ocorria há anos, essa nova geração tem a percepção de que de fato está trabalhando para o público. “Ele sabe que é remunerado pelo contribuinte e passa a se sentir no lugar dele”.

Planejamento e comprometimento
Para alcançar todos esses objetivos, porém, é preciso dose cavalar de comprometimento e paciência. “Dificilmente alguém vai passar no primeiro ou mesmo no segundo concurso que presta”, diz o diretor da Central de Concursos. Para Baubeta, os candidatos que quiserem integrar a nova geração do funcionalismo devem ter planejamento, comprometimento e iniciar os estudos com muita antecedência. E, claro, não se deixar abater por uma reprovação.

Ainda que persista o desejo de ser um dos condutores do futuro do País, obstáculos ainda devem surgir. Nessa busca de se tornar ator de destaque nas mudanças, esses jovens podem se frustrar. “Isso acontece em qualquer setor”, afirma Baubeta. “Ele vai ter altos e baixos em qualquer área”. Witt concorda e vai além: “No funcionalismo ou nas empresas privadas, a evolução da sua carreira é determinada pela sua atitude e comprometimento”.