De olho no décimo terceiro e no Natal, mercado facilita quitação de dívidas

Telecheque, por exemplo, pretende dar descontos de 15% a 50%; comerciantes podem não ajudar clientes, devido à crise

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Próximo do final do ano, o que o mercado espera é um consumidor livre de dívidas para poder fazer tranqüilo suas compras de Natal. Por isso, ele facilita a quitação dos débitos, ainda mais depois de liberado o décimo terceiro salário dos trabalhadores.

A Telecheque, por exemplo, está lançando a terceira campanha de quitação de dívidas com cheques. “Ela é feita num momento em que o consumidor tem aumento de liquidez pelo décimo terceiro e o aumento do emprego temporário. Porque muita gente deve pelo desemprego”, afirmou a diretora da empresa que atua na recuperação de crédito, Dirlene Martins.

A idéia é trazer ao mercado de consumo aquela pessoa que passou por uma dificuldade momentânea. Este ano, para quem não honrou um cheque, serão praticados descontos de 15% a 50%, dependendo da data do cheque – quanto mais antiga, maior o desconto – e do valor.

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O programa*, que acontece desde 2006, começa dia 21 de novembro e vai até o dia 20 de dezembro.

Comércio tende a ajudar

Além das empresas de recuperação de crédito, os comerciantes costumam estar mais dispostos a negociar os débitos com os clientes entre os meses de novembro e de dezembro, quando eles recebem o décimo terceiro e precisam planejar as compras de Natal. “Numa análise de espelho retrovisor, a melhor época é o final do ano para quem quer negociar ou precisa quitar a dívida”, disse o economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Emílio Alfieri.

Conforme ele explicou, se forem levados em conta os anos anteriores, é possível dizer que o número de cancelamentos em cadastro de inadimplentes é muito superior do que o de inscrições no final do ano. O aumento no número de inscrições é retomado somente no mês de março, quando somam-se os gastos do Carnaval aos do final de ano.

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Apesar desta tendência, Alfieri disse que este ano poderão haver mudanças: quando os juros estão em queda, a renegociação das dívidas fica mais fácil, porque é possível oferecer condições melhores. “Mas, com a Selic em alta e o juros de mercado maior ainda, a renegociação fica em condição mais difícil. Este ano, ela pode ser prejudicada pela crise”.

“A inadimplência, seja como for, nunca estourou entre novembro e fevereiro. O ponto mais baixo é dezembro. Pelo menos nos últimos quatro anos. O resgate é maior do que a entrada [em cadastro de inadimplência], por causa do décimo terceiro. Agora, acontece algo sério lá fora”, ponderou Alfieri.

Décimo terceiro e dívidas

Com a chegada do final do ano, devem ser injetados na economia brasileira cerca de R$ 78 bilhões, em conseqüência do pagamento do 13º salário, de acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O valor médio nacional a ser pago a título de abono salarial foi estimado em R$ 1.105.

Com este montante, segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade), cerca de 36% da população deve quitar as dívidas com o cheque especial e 25% devem pagar administradoras de cartões de crédito.

Em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve um aumento do número de pessoas que irão destinar seu salário extra para o pagamento de dívidas. No caso do cheque especial, o crescimento é de 5,88%, já que, em 2007, 34% dos brasileiros tinham essa intenção.

* Quem tiver interesse em participar pode ligar para o 0800-701-3177.