De Auditoria Externa para Finanças Corporativas: os desafios da transição

Confira o artigo do headhunter de finanças Felipe Brunieri, na coluna "Conteúdo do Leitor", do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Autor:Felipe Brunieri, Headhunter de Finanças e Controladoria

Muitos profissionais que hoje atuam em auditoria externa (BIG 4 e outras) demonstram o interesse, em determinado momento da carreira, de “mudar de lado da mesa” e migrar para estruturas internas de finanças e controladoria de empresas dos mais variados portes e setores. O que desperta esse desejo na maioria dos casos é a intenção de atuar em áreas de maior interação com o negócio, de ter um escopo menos “comercial” (tratando-se de gerentes e diretores, cargos que tem como objetivo trazer novos clientes), de desenvolver mais habilidades de liderança ou mesmo de desfrutar de vantagens que as companhias da chamada “economia real” oferecem como, por exemplo, uma remuneração mais agressiva, jornadas de trabalho mais equilibradas e carreiras mais direcionadas à estratégia. Tendo em vista a dificuldade imposta pelo mercado durante esta fase de transição, compartilho um pouco da visão de um Headhunter de Finanças e Controladoria sobre os desafios e os possíveis caminhos para que estes profissionais efetuem esta transição da forma mais consciente, madura e fluída possível.

Saiba o que o mercado pensa sobre auditores externos

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Sempre que analisamos a possibilidade de se trazer um profissional diretamente de auditoria externa (especialmente das Big4) para companhias de indústria, varejo ou serviços, alguns pontos sobre o perfil são mais debatidos:

Primeiramente, há uma tendência do mercado em investigar um pouco mais os skills de liderança destes candidatos durante o processo seletivo, já que, apesar dos programas de aconselhamento interno, os gestores de Big4 lideram equipes por projetos e, considerando a rotatividade dos Jobs, este tipo de gestão não possibilita um mergulho em desafios mais complexos de liderança. Ou seja, o RH buscará se certificar de que o profissional possui perfil para ser desenvolvido como líder internamente.

Um outro ponto relevante está relacionado ao escopo de trabalho do auditor. Pelo fato de ser muito técnico e direcionado a aspectos contábeis (CPCs, IFRS), de riscos e tributários, o dia a dia da área se afasta do business propriamente dito (suporte às áreas de vendas, marketing e supply chain, por exemplo), o que não estimula o desenvolvimento de uma visão mais “do todo” e mais voltada à estratégia da companhia.

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Por fim, durante o processo seletivo, algumas empresas podem querer avaliar mais a fundo qual é a real capacidade do auditor de “colocar a mão na massa” e executar efetivamente as rotinas que a posição exige, já que, por trabalhar mais com a revisão do que já foi feito e a análise de riscos, há uma tendência de se pensar que este profissional pode ter dificuldade de mudar o seu mindset e passar a ser o responsável direto pela execução.

Prepare-se bem para a entrevista, valorizando suas competências de negócio e liderança

Se o profissional tem consciência do estereótipo criado pelas empresas a respeito dos auditores externos, pode se preparar melhor para quebrar tais paradigmas durante o processo de seleção, expor as informações mais relevantes sobre suas competências e evidenciar que sua experiência agregaria valor à posição.

Sendo assim, durante a entrevista, o auditor que está em processo de transição para uma empresa deve trazer exemplos concretos e estruturados sobre as situações de liderança pelas quais passou (gestão de conflito com clientes e entre membros da equipe, motivação de liderados desestimulados, gestão indireta de outras áreas e de outras equipes em projetos, etc) que corroborem suas características de gestor de times. Ademais, é importante se preparar muito bem para a entrevista e ter na ponta da língua os exemplos de clientes que atendeu (não precisa necessariamente abrir o nome), ressaltando quais eram os segmentos de mercado, o porte das companhias, o nível de governança corporativa e de controles internos que possuía, a estrutura de capital (aberto ou fechado) e o tipo de trabalho (full audit, diligência, parecer técnico, etc). É importante também enfatizar projetos que tenha participado cujo escopo também envolvia discussões sobre o negócio e sobre a estratégia do cliente.

Faça de seu network, a sua porta de entrada

O caminho mais fácil para o profissional de auditoria externa mudar para o outro lado da mesa é por meio de sua rede de contatos, principalmente através de clientes que atendeu e que já conhecem o seu trabalho. Outro caminho mais rápido é por meio de convite de profissionais com os quais já trabalhou no passado, isto é, ex-gestores/pares/subordinados que migraram da carreira em BIG4 para empresas e que podem indica-lo para uma posição. Logo, confiar e apostar em seu trabalho e sua boa reputação desde o início da sua carreira é um importante passo para a transição acontecer.

Comece pelas áreas de maior similaridade com auditoria

Para que esta transição de auditoria externa para empresas seja mais natural e o profissional consiga trazer resultados efetivos em menor tempo, vale a pena considerar focar em áreas com escopo mais próximo ao desenvolvido durante sua carreira, tais como a Contabilidade, a Controladoria e a Auditoria Interna. Estas áreas podem ser vistas como uma porta de entrada mais fácil para auditores no mundo de finanças corporativas – já que há similaridades de escopo. A ideia é que, após um ciclo em uma destas áreas, haja uma perspectiva de migração interna para outras áreas da companhia, podendo ter um escopo cada vez mais próximo ao negócio. A transição é mais impactante e mais árdua se for feita diretamente para áreas mais distantes, como Tesouraria, M&A, Planejamento Financeiro, Planejamento Estratégico e Novos Negócios. Profissionais com background em auditoria costumam não ser tão valorizados para posições nestas áreas em um primeiro momento.

Vale destacar que um dos profissionais de Finanças e Controladoria mais valorizados pelo mercado é aquele que possui consistentes passagens por auditoria externa e por empresas da “economia real”, onde tenha completado ciclos e deixado legados. A pergunta que deve ser respondida individualmente é qual seria o melhor momento para esta mudança de carreira?

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