De aprender com erros até “beijinho no ombro”, Felipão dá uma grande aula de liderança

Técnico da seleção brasileira de futebol exalta a importância de um líder experiente, fala sobre manifestações e "convence" plateia de que Júlio César merecia ser o goleiro do time

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – Com a mesma ironia de sempre nas respostas mas esbanjando muito bom humor, Luiz Felipe Scolari deu uma verdadeira aula de liderança neste domingo (18) durante encerramento da da 4ª edição da Expert, conferência anual de escritórios e assessores credenciados da XP Investimentos. O treinador da seleção brasileira ainda deixou um recado inusitado: se ganhar o hexacampeonato, vai mandar um “beijinho no ombro” na sua primeira coletiva de imprensa, fazendo referência à música da funkeira Valesca Popozuda que virou hit de sucesso no Brasil.

A declaração veio após o diretor técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, afirmar que a primeira coisa que ele disse na coletiva após ganhar a Copa de 1994 como treinador foi “um alívio” (veja o vídeo abaixo com a declaração do técnico).

Aprender com os erros
A dupla que coordenará a seleção brasileira mostrou muito mais do que apenas a confiança de que o Brasil conquistará o hexacampeonato mundial. O “Felipão” 
exaltou a importância do aprendizado com as derrotas para defender alguns atletas contestados em sua lista de convocados, em especial o goleiro Júlio César, eleito como um dos “vilões” da eliminação do Brasil nas quartas-de-final da Copa de 2010 diante da Holanda.

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“Em uma equipe, ou se dividem as coisas boas e ruins, ou então não se divide nada. Isso temos que ter em mente sempre para manter a união do time”, disse o técnico. Reforçando a importância de aprender com os erros, Parreira deu como exemplo a Copa de 1994, na qual a seleção possuía cerca de 14 jogadores que fizeram parte da equipe eliminada em 1990 pela Argentina.

“Os jogadores sabiam exatamente o que fazer para não perder a Copa”, disse Parreira.

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Experiência, convicção e planejamento
Além de exaltar o aprendizado com as derrotas, Felipão falou ainda da importância de se ter um chefe experiente, o que deixa o comandado muito mais seguro e tranquilo para exercer sua função. “É muito valioso você poder ter alguém com experiência para poder se escorar sempre que precisar”.

Nesse quesito, o técnico deixou demonstrações claras de como pretende “blindar” muitos de seus comandados, para que eles se preocupem com o que mais importa, que é jogar futebol. Uma das demonstrações é com o mesmo Júlio César: bastante contestado na seleção principalmente após sair da Inglaterra para jogar no pouco expressivo futebol canadense, Felipão “bancou” a convocação do goleiro de 34 anos 6 meses antes da divulgação da lista oficial.

“Tinha convicção de que ele era o melhor goleiro do Brasil. Meu preparador de goleiros [Carlos Pracidelli], que eu confio, me disse que o Júlio é o melhor goleiro que temos. Então o escolhi como meu goleiro. Como vocês [imprensa] não paravam de criticá-lo, então já adiantei a convocação dele para deixá-lo tranquilo. Daí se alguém quiser reclamar alguma coisa, que reclame de mim que o chamei”, disse Felipão, arrancando aplausos da mesma plateia que, no começo da apresentação, contestou Parreira quando ele disse que “não existe melhor goleiro no mundo que o Júlio César”.

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Outro ponto ressaltado pelo técnico como crucial para que o atleta possa exercer sua tarefa principal é o planejamento. “Desde que saber qual é o nosso objetivo até em qual quarto cada jogador vai ficar. Isso definido já evita qualquer desconforto e mantém a disciplina e a ordem”, disse Felipão, famoso pelo estilo “durão” de levar seus comandados. Nesse quesito, ele coloca o trabalho do Parreira como fundamental, “Ele é um exímio planejador”, disse o técnico.

E as manifestações?
Como não podia faltar, o tema “manifestações populares” foi colocado em pauta durante o evento. Sobre o caso, Felipão manteve a mesma política adotada na Copa das Confederações, realizada ano passado no Brasil: o jogador pode se manifestar, desde que não fuja do foco principal da seleção.

“Temos nosso foco, e não podemos mudá-lo por causa das manifestações. Os atletas podem se manifestar, desde que ele mantenha o seu foco alinhado ao time, ao grupo em geral e à CBF (Confederação Brasileira de Futebol)”, explicou Scolari. Deixando mais claro, o técnico complementou que o jogador pode se expressar como quiser em suas redes sociais, mas quando estiver falando em nome do grupo deverá preservar sua posição individual.

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers