Cursinho mais em conta: vale a pena?

Muitos cursinhos comunitários tiveram que se aprimorar, graças à pressão exercida pelos próprios alunos, que queriam entrar nas universidades mais disputadas

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – O Cursinho da Poli, em São Paulo, ainda está com matrículas abertas para as turmas de agosto. As mensalidades variam de R$ 140 a R$ 188. É difícil não comparar com os cursinhos top da capital paulista. No Anglo Vestibulares, por exemplo, os preços variam entre R$ 319,20 a R$ 739,10 (turmas de agosto), sendo que os cursos mais caros são os da manhã, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição.

Por sua vez, o semi de agosto do Instituto Henfil, que tem unidades espalhadas na capital paulista e no ABC, está saindo por R$ 48 mensais, no mínimo. A verdade é que a grande maioria dos estudantes do País, que sonha em entrar em uma faculdade de renome, não tem condições de pagar por um cursinho muito caro. Mas a pergunta parece inevitável: e a qualidade desses cursos? Eles são confiáveis? Garantem a aprovação nas universidades mais disputadas do País?

Como funcionam esses cursinhos

A coordenadora pedagógica do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi, explica que, atualmente, a instituição conta com 6.500 alunos, sendo que 80% estudaram em escolas públicas. Muitos deles não têm como arcar com os custos de uma universidade privada, daí a responsabilidade dos professores do cursinho. Aliás, entre eles, há doutores e mestres, que também dão aulas nos cursinhos mais caros.

Continua depois da publicidade

Alessandra afirma que o Cursinho da Poli vai além do mínimo, que é garantir a colocação em uma faculdade concorrida, pois também trabalha as competências técnicas e comportamentais dos alunos, preparando-os para a vida universitária e profissional. Assim, o aluno aprende a trabalhar em equipe, ter iniciativa e autonomia na hora de estudar.

“Por meio do nosso material, que é próprio, envolvemos o aluno na interpretação de figuras, imagens e gráficos e na reflexão de textos, o que também faz diferença no Enem. Além disso, promovemos rodas de leitura, grupos de estudo, oficinas, palestras, saraus e visitas a museus. Garantimos o acesso à cultura, porque nossa concepção de educação é pré-universitária, e não pré-vestibular”, afirma.

A coordenadora ressalta que 50% dos alunos do cursinho ingressam nas principais universidades do País: na USP (Universidade de São Paulo), UNESP (Universidade Estadual Paulista), Unicamp (Universidade de Campinas), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Universidade Presbiteriana Mackenzie. “E 10% dos ingressos na USP foram alunos nossos”, lembra.

A evolução do cursinho comunitário

A ONG Instituto Henfil tem hoje um quadro de docentes altamente qualificados. O presidente Mateus Prado conta que, quando nasceu, o cursinho era totalmente gratuito e contava apenas com voluntários.

Para melhorar o nível de aprovações, foram convidados estudantes da USP para dar aulas, em troca de ajuda de custo. Há oito anos, no entanto, a direção optou por contratar professores experientes do mercado, oriundos de outros cursinhos, com o objetivo de garantir a entrada dos alunos nas universidades mais disputadas.

A mudança deu certo e, com o tempo, aumentou o número de aprovados. “Oferecemos a mesma qualidade dos cursos mais caros. A diferença é o preço mais em conta. Outro diferencial nosso é que, para alunos com base escolar mais fraca, vamos um pouco mais devagar com a matéria, para dar a chance de todos entenderem. Até por conta disso, a carga horária dos nossos cursos matinais e noturnos é maior, na comparação com os demais cursinhos”, explica Prado.

Hoje, o cursinho comunitário conta com oito unidades: em Guarulhos-SP, Diadema-SP, Mauá-SP, Santo André-SP, São Bernardo do Campo-SP e, na capital paulista, nos bairros Jardins, Tatuapé e Santana. Assim como o instituto, muitos cursinhos comunitários tiveram que se aprimorar, por conta da pressão exercida pelos próprios alunos.

Enem

O Instituto Henfil acabou se especializando em Enem. Atualmente, oferece um curso gratuito – o aluno só precisa pagar a apostila -, que tem duração de dez horas e orienta quanto as especificidades do exame. O objetivo é familiarizar o aluno com a prova.

A apostila foi elaborada visando ao desenvolvimento das habilidades exigidas pelo exame em casa e traz dicas de como se preparar para o exame. No total, são 4 mil vagas e, segundo a assessoria de imprensa, ainda dá tempo de se inscrever. Para mais informações, entre no site www.cursoenem.org.br/enemgratuito.

Horários diferenciados

Tanto o Cursinho da Poli quando o Instituto Henfil oferecem cursos nos finais de semana, para quem trabalha durante a semana, ou simplesmente não tem tempo. A surpresa para Alessandra é que os maiores índices de aprovação costumam ser das turmas de sábado.

Ela acredita que isso aconteça porque, quem estuda aos sábados falta menos, já que só tem uma aula por semana, ao mesmo tempo em que está menos cansado. “O aluno de sábado tem as mesmas chances de passar no vestibular do que um aluno que estuda durante a semana. Mas, se o objetivo dele é entrar em um curso muito concorrido, como medicina, por exemplo, realizamos uma orientação de estudo individualizada”, completa.