Cuidado com a arrogância! Dá para se “vender” em uma entrevista com eficiência

Hoje, o mercado não aceita mais profissionais com essa postura. Dá para se valorizar sem acabar caindo na armadilha da arrogância

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – “É só chegar lá e mostrar tudo o que eu sei”. A ideia não parece ruim, mas, quando se fala em processo seletivo, é melhor ponderar. Vender-ser para o entrevistador esmiuçando todas as suas qualidades e esquecendo os erros pode não ser uma boa tática. No fim, você pode aparentar ser um candidato arrogante, e isso empresa alguma preza.

“Independente de qual seja o nível hierárquico a que o candidato esteja concorrendo, ser arrogante sempre será um ponto negativo durante um processo seletivo, pois esse tipo de comportamento muitas vezes encobre a falta de autoconfiança ou, então, o fato de se achar bom demais para a vaga”, afirma a consultora de Recursos Humanos da Catho Online, Aline do Carmo.

E o mercado não aceita esse tipo de profissional, como avalia a consultora da Search Consultoria em RH, Lucila Yanaguita. “A arrogância de um profissional nunca vai ser valorizada no mercado de trabalho”, reforça. “Ainda mais hoje, que existe uma política de portas abertas, o profissional tem de transitar por ele [mercado], tem de influenciar pessoas e empresas”.

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“É importante destacar que o profissional que procura uma nova colocação precisa ser um ótimo vendedor de suas qualificações profissionais e pessoais, com o objetivo de transmitir uma impressão favorável para convencer o entrevistador de que merece a vaga”, aponta Aline. “Porém, é neste momento que o profissional deve se atentar para não parecer arrogante, uma vez que temos a impressão de que as empresas buscam um ‘super-homem’”, ressalta.

Arrogante, eu?
E como saber se, de fato, você está tendo uma postura “salto alto” durante um processo seletivo? “Quando você se coloca no centro de todas as realizações, desmerecendo o outro, você está sendo arrogante”, afirma o headhunter da De Bernt Entschev Human Capital, Weider Silva. “Vemos muitos tendo esse comportamento, mas o que sabemos é que nas empresas não se faz nada sozinho”, ressalta.

Para ele, profissionais egocêntricos despertam dúvidas sobre o seu desempenho real em experiências anteriores. “Claro que ele deve colocar que realizou um projeto importante, se de fato realizou, mas será que ele fez sozinho mesmo?”, questiona o especialista.

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Outra característica que pode fazer o entrevistador concluir que o candidato está se mostrando arrogante é a visão que ele tem sobre o outro, o produto e a empresa para a qual está se candidatando. “Quando ele desvaloriza o produto, o mercado e se coloca superior a eles, já é um sinal”, reforça Lucila.

Falar mal de líderes e colegas de experiências anteriores também não é bem visto e pode indicar que o profissional está de “salto alto”. “Ao ser convidado para o processo seletivo, a empresa já está 50% interessada no perfil do candidato, os outros 50% depende do comportamento do profissional, por isso é muito importante não tentar ser na entrevista o que de fato não é”, alerta Aline.

Vendendo o peixe com eficiência
Para profissionais com muita experiência e um currículo sólido, parece difícil relatar toda a experiência sem parecer arrogante. Mas isso é possível. O primeiro passo é condensar as informações. “Ele deve saber destacar o que é mais relevante”, acredita Lucila.

“Os candidatos que possuem um currículo objetivo, com formatação adequada e um excelente resumo de sua carreira, sempre serão valorizados pelo mercado e terão maiores chances de serem bem-sucedidos em processo de seleção”, completa Aline. “O estudo das informações disponibilizadas no currículo, somado à correta postura do profissional, será essencial para a decisão do recrutador”.

Depois de selecionadas as informações, o profissional deve tomar cuidado com o modo como as dirá para o entrevistador. “Não há nada de mau em nos julgarmos bons em alguma coisa que fazemos, o errado é vangloriar-se pelo que se faz”, ressalta a consultora. Para ela, uma das maneiras de amenizar um possível grau de arrogância é admitir os próprios erros, ouvir e respeitar as opiniões e sugestões dos liderados e colegas de trabalho e demonstrar entusiasmo às equipes”, afirma Aline.

Para Silva, o ponto principal é esquecer o “eu” e adotar o “nós”. “Na hora de falar sobre as suas conquistas, inclua a sua parcela de participação sem esquecer a dos outros”, diz. “Ele pode enfatizar o trabalho em grupo e não ter um a postura que desconsidere a empresa”.

“Não há segredo para ser bem-sucedido, a única coisa que as empresas esperam é que o candidato revele o melhor de si de maneira transparente e honesta, usando o bom senso para conseguir uma combinação de espontaneidade e argumentação bem fundamentada”, completa Aline.