Criticar por criticar: por que algumas pessoas agem assim no trabalho?

A crítica injustificada, muitas vezes, vem de indivíduos que estão se sentindo inseguros ou emocionalmente vulneráveis

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Você já deve ter presenciado uma cena como esta: uma pessoa faz uma crítica, mas não tem exemplos ou justificativas para fundamentá-la nem sabe apontar uma solução para o problema. Pois saiba que, apesar de não indicada, a situação acontece o tempo todo, inclusive no ambiente corporativo, e é um exemplo clássico da “crítica insignificativa ou injustificada”.

De acordo com a psicoterapeuta Clarice Barbosa, quando se critica, a intenção é apontar o erro do outro, seja no comportamento, seja no trabalho realizado. Mas, quando isso é feito de maneira injustificada, o que a pessoa está tentando fazer é se defender e colocar o foco no outro.

O especialista em Gestão de Projetos Anthony Mersino, em seu livro “Inteligência emocional para gerenciamento de projetos” (Ed. M.Books), afirmou que a crítica injustificada muitas vezes vem de indivíduos que estão se sentindo inseguros, ameaçados ou emocionalmente vulneráveis. Muitas vezes, a crítica costuma ser uma reação “à mágoa que sentimos”, explicou na obra.

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Por que criticar?

Segundo Clarice, uma justificativa para a pessoa criticar muito pode estar na infância. Imagine a seguinte situação, que pode ilustrar esta ideia: quando você estava no colégio, tirava notas boas de maneira geral, mas sempre ia mal em matemática. A reação dos seus pais era parabenizá-lo em relação às matérias em que ia bem ou criticar muito por conta da falta de habilidade com cálculos?

Se você respondeu que seus pais optariam pela segunda opção, significa que você cresceu forçado a enxergar o lado negativo das situações.

Outro motivo para o comportamento crítico injustificável é a autodefesa. “Quando uma pessoa aponta os defeitos do outro, ela expõe essa pessoa e tira o foco dela mesma”, afirmou Clarice.

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Cenário favorável

Mas a pessoa que critica sem justificativas não o faz em território inimigo. A psicoterapeuta explicou que ou ela está em um ambiente que convive há muito tempo ou em uma posição de poder. “Ela está se sentindo segura para fazer isso. Assim que se sente confortável, começa a expor o outro, deixando-o vulnerável”.

O cenário começa a ficar desfavorável para esse profissional que critica sem justificativas quando ele se depara com um colega de trabalho com perfil questionador. Isso acontece com mais frequência em empresas em que o ambiente de trabalho é mais flexível, em que há espaço para questionar, e em ambientes onde a hierarquia não gera medo.

“A crítica insignificante também é destrutiva. Se não questionada, ela acaba sendo uma verdade”, disse Clarice. Por exemplo: você entra numa empresa e falam que um funcionário é agressivo. Quando conversa com a pessoa, você percebe outra imagem. O que aconteceu é que se disseminou a imagem negativa do profissional, porque alguém começou com isso. “Se você tem bom senso, vai avaliar o que é verdade mesmo. Uma crítica sempre contém um julgamento”.

Tipos de crítica

Existe aquela crítica que é destrutiva, a qual diminui a autoestima do profissional e não o motiva a melhorar. Normalmente, não é dito o que ele deve melhorar e, por isso, ele deve questionar.

Na construtiva, por outro lado, pontua-se o que o profissional está fazendo de errado e o que pode melhorar. “Ela não faz o profissional se sentir inferior e aponta também as qualidades. A pessoa que receber isso não vai se sentir menosprezada”.