Crise: CUT critica redução salarial e negociações entre Fiesp e Força Sindical

Para presidente da Central, previsão de mais de 3 milhões de demissões a partir desta segunda-feira é catastrofista

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – “Um acordo guarda-chuva, como esse que a Força Sindical quer, prevê uma generalização, como se todos os setores da economia estivessem na mesma condição. E isso não é verdade. Além disso, quando se aceita um diálogo no qual já se começa perdendo, você só ajuda os setores que estão aproveitando o momento econômico para demitir ou reduzir vagas de emprego”, explica o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique.

“O que nossos sindicatos devem fazer é, em primeiro lugar, resistir, realizar greves, nos mobilizar e pressionar, para exigir que as empresas usem o estoque de capital, os lucros imensos que tiveram ao longo dos últimos anos, para manter os empregos”, acrescenta.

Debate entre Fiesp e Força

Em reunião realizada na última sexta-feira (9), o presidente da Fiesp e do Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, defendeu a menor jornada de trabalho, mas acompanhada de cortes nos salários. Segundo a entidade, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, teria concordado com essa possibilidade.

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De acordo com matéria publicada pela assessoria de imprensa da Fiesp, tanto Skaf quanto Paulinho da Força acreditam que a redução da jornada de trabalho e dos salários pode ser uma das alternativas para os setores que foram ou ainda serão afetados pela crise. Ambos concordam que a demissão é a última opção.

Além disso, a Federação das Indústrias, por meio do Senai-SP, havia se comprometido a dar cursos profissionalizantes gratuitos aos trabalhadores que tiverem redução de jornada e de salário. O Senai-SP criará, inicialmente, 100 mil vagas. “Uma grande vantagem ao trabalhador é a possibilidade de reciclagem e qualificação profissional em cursos que, em valores de mercado, seria muito difícil pagar”, disse Skaf.

A Fiesp lembrou que a legislação atual permite que, por meio de acordo com o sindicato, as empresas reduzam a jornada de trabalho, com consequente redução dos salários.

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Caso a caso

Para Artur Henrique, sindicatos, federações e confederações da CUT devem analisar caso a caso a necessidade de reduzir a jornada de trabalho e os salários. “Não podemos cair na choradeira dos empresários. Sabemos que as empresas têm acumulado recordes de vendas e de lucratividade. Muitos setores continuam remetendo lucros para o exterior. Logo, não dá para acreditar que a primeira medida a tomar seja demissão, suspensão de contratos ou redução salarial”.

Ele contesta os números apresentados pela Força Sindical, de Paulinho, que estima em mais de 3 milhões o número de demissões a partir desta segunda-feira (12). Segundo o presidente da CUT, trata-se de uma revelação catastrofista, que vem a justificar acordos sem sentido.

Para Henrique, há outras maneiras de enfrentar a crise, limitando horas-extras, utilizando mecanismos, como banco de horas e férias coletivas, e discutindo a situação das empresas caso a caso. Quanto à suspensão temporária dos contratos de trabalho, citada pela Fiesp, ele lembra que depende de aprovação em assembleia, após negociação com o sindicato de base.