Contra inflação: FMI pede restrição em salários na AL; FGV indica crédito mais caro

Já para economista da FGV, o mais eficaz é adotar uma política monetária restritiva, com encarecimento do crédito

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Para conter a alta de preços na América Latina, o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, sugeriu resistência ao aumento de salários. A perda do poder aquisitivo da população no curto prazo impediria o crescimento da demanda e, conseqüentemente, a aceleração da inflação.

Segundo a agência internacional Mercopress, que atua no território do Mercosul (Mercado Comum do Sul), o diretor-gerente do fundo disse aos governos latino-americanos que adotem medidas diretas que “diminuam os efeitos da alta de preços para os setores mais vulneráveis, mas sem um reajuste excessivo de salários”.

Governos e iniciativa privada

Para o economista Salomão Quadros, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e responsável técnico pelos índices econômicos medidos pela instituição, quando a restrição é no salário do servidor público o objetivo é moderar as despesas e conter a demanda. “O que faz todo o sentido quando a economia está aquecida”.

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Já no caso da iniciativa privada, ele afirmou que vários setores estão trabalhando à plena capacidade e não querem perder funcionários, por isso eles aumentam o salário sim, se for possível. “O empresário dá aumento porque ele tem a percepção de que vai poder elevar o preço do produto também”, explicou.

Restrição do consumo

Segundo Quadros, a melhor medida é adotar uma política monetária restritiva. “Com aumento de juros e encarecimento do crédito. Isso sim é que pode impor um limite à inflação”, afirmou. E tem que ser feito enquanto a inflação não está alta, para ela não correr o risco de se intensificar.

Ele critica o governo brasileiro, que aponta o aumento na produção como solução para a crise, e o exemplo do erro seria o que aconteceu com o arroz.

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“A relação oferta/demanda do mercado brasileiro não justificava a elevação do preço do arroz. A produção dava para atender a demanda local. Tanto que, em março, o preço do arroz estava até caindo. O que aconteceu foi que o preço do arroz subiu no mundo e o agricultor brasileiro percebeu que era mais interessante vender no mercado internacional. Aí, o preço do arroz no Brasil, imediatamente, começou a subir”.