Comércio é a principal atividade entre jovens, diz pesquisa

Fatores que explicam isso são a baixa qualificação e remuneração do comércio, atividade que não requer experiência anterior

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Pesquisa divulgada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) revelou que, em 2008, a maior parcela da população jovem estava empregada no comércio, chegando a 27,3% em Belo Horizonte.

Os dados, divulgados nesta segunda-feira (11), revelaram que a organização do setor, que incorpora uma imensa quantidade de micro e pequenos estabelecimentos familiares, demanda um grande número de profissionais, o que explica a expressiva presença de jovens no comércio.

Outros fatores que explicam isso são a baixa qualificação exigida pelo comércio e a baixa remuneração; além de os valores dos produtos serem compartilhados e/ou relacionados aos jovens, com características como vitalidade, energia e beleza.

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No Distrito Federal, dos jovens de 16 a 24 anos em idade ativa, 26,4% trabalham no comércio. Em São Paulo, eles são 26,2%, proporção maior do que em Porto Alegre (25,2%), Salvador (22,6%) e Recife (19,1%).

Salários

Em 2008, o salário médio do jovem comerciário se manteve em um patamar baixo, variando de R$ 429 em Recife a R$ 653 em São Paulo.

O rendimento representa menos do que 70% daquele recebido por adultos com 25 anos ou mais. Nesse aspecto, a desigualdade é mais acentuada no Distrito Federal, onde os ganhos dos jovens correspondiam em média a 53,5% do recebido pelos não-jovens, e mais discreta em Recife, onde ficava em 67,6%.

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A desvantagem dos jovens está relacionada à escolarização e ao tempo de permanência no posto de trabalho. Em Recife, por exemplo, um jovem com tempo de permanência de menos de dois anos no trabalho ganha uma média de R$ 418, ante R$ 504 de um adulto, o que significa que o rendimento do jovem é de 82,9% o do adulto, a maior diferença.

Quando analisada o grupo daqueles com ensino médio completo ou superior incompleto -, a maior diferença fica em Salvador: o jovem ganha uma média de R$ 548 e o adulto, R$ 838, o que significa que o salário juvenil é 65,4% do dos adultos.

Formalidade

O estudo concluiu que a forma mais comum de ocupação no comércio é a com carteira de trabalho assinada. Entre jovens, contratos amparados pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) são mais comuns do que entre os adultos.

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A parcela dos jovens contratados com carteira assinada variou entre 74,3% em Belo Horizonte e 50,8% em Recife. No mesmo período, para a população com 25 anos de idade ou mais, o percentual ficou entre 55,6% em Belo Horizonte e 37,1% em Recife.

Um segundo grupo destes jovens se subordinava a contratos que fugiam do padrão – sem carteira assinada, terceirizados e autônomos -, com percentuais que chegaram a 30,9% em Recife, 28,3% em São Paulo e 26,7% em Salvador.

“Esta situação é parcialmente justificada pela presença de adultos entre pequenos comerciantes, fato compreensível pelos requisitos de maturidade e, mesmo que mínima, de riqueza pessoal exigida para o estabelecimento de um negócio”, diz o estudo, que ainda completa afirmando que os dados mostram a vulnerabilidade dos jovens no comércio, dada pelo contrato sem carteira assinada e pelo pouco tempo de permanência no trabalho.