Com alta da inflação, sindicatos prometem briga por aumento salarial

Se para a CUT-SP a inflação corrói os salários, segundo a teoria econômica, são os salários que corroem a inflação

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Com a alta da inflação, os sindicatos prometem acirrar a briga pelo aumento dos salários. A agenda, segundo o secretário-geral da CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores), Adi dos Santos Lima, tem dois objetivos: reposição integral da inflação nos salários e aumento real dos ganhos.

“A CUT sempre lutou contra essa inflação especulativa”, disse, referindo-se a uma inflação que seria psicológica. “Não é verdade que o Brasil sofre com falta de alimentos, mas os empresários simplesmente estão aumentando os preços dos produtos. Essa especulação deve ser combatida”.

Questionado pela reportagem da InfoMoney se o aumento dos salários não levaria à temida indexação da inflação nos preços, a começar pela renda da população, piorando ainda mais o quadro inflacionário, ele respondeu que isso é teoria.

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E se mostrou veementemente contra o aumento da Selic, a taxa básica de juros, ressaltando outros mecanismos de combate à inflação, como redução dos gastos do governo e conseqüente aumento do superávit primário (recursos que são separados para pagamento de juros da dívida pública). “A inflação impacta negativamente na produção das empresas, levando à queda da renda e do emprego”, acrescentou Lima.

Briga por aumento da renda do trabalhador

“Estamos marcando um encontro com membros do governo, que deverá acontecer até o fim deste mês, para avisar que não iremos abrir mão da reposição integral da inflação nos salários e do aumento real dos ganhos. Mas levaremos em consideração a inflação que foi constatada no período da data-base”, explicou o sindicalista. A data-base varia de categoria para categoria.

Influência dos salários na inflação

Se, para a CUT-SP, a inflação corrói os salários, para a teoria econômica, são os salários que corroem a inflação. No entanto, em entrevista ao Diário do Comércio, o coordenador de Relações Sindicais do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), José Silvestre, afirmou que não existe a possibilidade de os aumentos nos salários pressionarem a inflação.

“Não haverá contaminação, porque a inflação atual vem de fora para dentro: está bem localizada no preço das commodities. Portanto, um possível aumento real dos salários não poderá ser utilizado como bode expiatório da inflação”, afirma.

Além disso, embora a maioria das categorias tenha obtido, no ano passado, aumento real do salário, ainda assim eles ficaram abaixo do crescimento médio da economia. Para ele, é mais difícil conseguir aumento real com a inflação alta, mas é possível. “O que pode ocorrer é uma diminuição da magnitude desses aumentos”.