China compra domínio do Brasil no futebol: jogadores vão atrás de grandes salários

Os clubes chineses se envolveram em três das cinco maiores negociações da atual janela de transferências brasileira, um período que permite que as equipes latino-americanas comprem e vendam jogadores entre 23 de janeiro e 16 de abril

Bloomberg

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Os nomes dos artilheiros da Superliga da China podem soar familiares — pelo menos para os fãs do futebol brasileiro.

Os clubes chineses se envolveram em três das cinco maiores negociações da atual janela de transferências brasileira, um período que permite que as equipes latino-americanas comprem e vendam jogadores entre 23 de janeiro e 16 de abril. A transferência de 16 milhões de euros (US$ 18,3 milhões) do atacante Ricardo Goulart, do Cruzeiro, para o Guangzhou Evergrande é a venda mais cara de um jogador de futebol do Brasil para a China.

“A China é a Eldorado do futebol”, disse Marcos Motta, em referência à lendária terra do ouro. Ele deu entrevista um dia depois de voltar da Ásia, onde trabalhou no acordo que levou o argentino Dario Conca do Fluminente, do Rio de Janeiro, para o Shanghai SIPG, clube de propriedade da Shanghai International Port Group.

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“Pelas conversas que eu tive lá com os presidentes do clube, donos, presidentes de empresas e administradores municipais, eles não vão parar”, disse Motta.

Os clubes da China investiram US$ 101 milhões importando jogadores em 2014, o triplo dos US$ 28 milhões gastos um ano antes, segundo a Fifa, órgão que administra o futebol mundial. Um terço dos 74 jogadores estrangeiros dos 16 clubes da primeira divisão da China é brasileiro.

Os valores das transferências também estão subindo. A China comprou 20 jogadores do Brasil em 2012 por US$ 9 milhões, disse a FIFA. No ano passado, o valor somado das transferências do mesmo número de jogadores subiu para US$ 40 milhões.

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Maiores salários
Os salários na China são frequentemente “muito, muito maiores” do que os que os atletas conseguem na Europa. Muitos dos jogadores mais bem pagos do mundo estão atuando na Superliga chinesa, disse Motta. Enquanto isso, no Brasil, alguns jogadores têm tido que ir à Justiça para receberem seus salários.

Goulart, 23, foi ligado pela mídia brasileira a clubes europeus, incluindo o Mônaco, antes de se mudar para Guangzhou, uma cidade industrial a noroeste de Hong Kong. Ele negou que a mudança para a China prejudique suas chances de ir para a seleção brasileira.

“O mundo hoje é tão conectado que você sabe tanto sobre o que está acontecendo na China quanto a respeito do que acontece na Inglaterra”, disse Goulart a repórteres antes de viajar para a Ásia.

O atacante não teria conseguido um contrato tão favorável se tivesse se transferido para a Europa, segundo Eduardo Carlezzo, advogado esportivo de São Paulo especializado em transferências internacionais.

“O que os chineses têm agora que os diferencia de qualquer outro país é o salário”, disse Carlezzo. “Talvez você possa ter algo próximo disso no Catar ou em algum emirado, mas essa tem sido a grande diferença na cabeça dos jogadores quando eles veem a quantia que lhes oferecem”.

Crescimento
Goulart se unirá a Elkeson no Evergrande, que em 2013 se tornou o segundo clube chinês a ganhar a maior competição de clubes da Ásia. Elkeson, que reuniu mais de 2 milhões de seguidores na maior rede social da China, a Sina Weibo, é uma atração do site do time para promover produtos e ingressos.

O atacante da seleção brasileira Diego Tardelli, 29, que não causou boa impressão jogando na Europa pelo Real Betis, pelo PSV Eindhoven e pelo Anzhi Makhachkala, ganhará R$ 1 milhão (US$ 370.000) por mês no Shandong Luneng Taishan, disse a Agência Estado. O salário médio dos jogadores da Série A do Campeonato Brasileiro é de cerca de US$ 18.000 por semana, segundo o Daily Mail.

O Shandong Luneng preferiu não comentar.

“Esta é uma nova fronteira a ser cruzada”, disse Carlezzo. “Durante décadas vimos os jogadores irem para o Japão ou para a Coreia do Sul. A China traz desafios adicionais para os jogadores”.