Central única de patrões e empregados pretende revolucionar sindicalismo

IBGE estima que 62% dos sindicatos não são associados a uma central, o que sugere insatisfação com o modelo atual

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – Em iniciativa inédita no país um grupo de sindicalistas dissidente da SDS (Social Democracia Sindical) anunciou que pretende montar uma central única, que englobe trabalhadores e micro e pequenos empresários. Caso seja bem sucedida, a iniciativa deve revolucionar as relações trabalhistas no país.

O lançamento da nova central está previsto para o próximo dia 17/12, quando está marcada a primeira assembléia da central, batizada, pelo menos temporariamente, de Coordenação Geral de Trabalhadores e Empreendedores (CGTE).

Sindicalismo deve sofrer mudanças

Na visão de José Avelino Pereira, que comanda a criação da central, a participação dos pequenos empresários é fundamental já que são eles que geram empregos e renda no país. Pereira já teria procurado o presidente do Simpi (Sindicato dos Pequenos Empresários), Joseph Couri, que apesar de se dizer aberto à iniciativa, afirmou que ainda não recebeu qualquer tipo de proposta formal.

Continua depois da publicidade

Nesta semana, Pereira pretende se reunir com os pequenos empresários do setor comércio, que também se comprometeram estudar a idéia da nova central. Na opinião do presidente do Simpi, é provável que as posições defendidas pelo próximo governo acabem levando a novas cisões entre trabalhadores e empresários, contribuindo para uma mudança do sindicalismo no país.

Insatisfação com centrais é grande

Atualmente, existem três formas de associação no país, os sindicatos, federações e confederações, todos eles funcionando tanto para empregadores quanto para trabalhadores. Além de atuarem sob um regime monopolista, pois só existe um sindicato por categoria e município, as entidades conseguem se manter através da arrecadação de imposto sindical compulsório.

Dentre as metas da nova central está o incentivo às Comissões de Conciliação Prévia (CCP), que têm como objetivo resolver conflitos trabalhistas. Contudo, segundo denúncias de trabalhadores, algumas destas CCPs na prática tentavam sonegar direitos trabalhistas.

A assembléia do dia 17 deve contar com representantes de sindicatos independentes de todo o país, assim como sindicatos ligados a centrais sindicais. Atualmente o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que cerca de 62% dos sindicatos do país não são filiados a qualquer central, deixando evidente que a maioria deles está insatisfeita com as centrais.

Dificuldade de sobrevivência

O grande problema da nova central é encontrar uma forma de sobrevivência, que poderia ser através de mensalidades dos sindicatos afiliados. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, por exemplo, afirma que é bastante difícil criar uma central, já que é difícil encontrar uma forma de subsistência.

A própria Força Sindical, segundo ele, só consegue se sustentar porque conta com o apoio de três grandes sindicatos: metalúrgicos de São Paulo, o dos comerciários e o dos trabalhadores da construção civil. Por sua vez, a CUT conta com os bancários de São Paulo, os metalúrgicos do ABC e os professores estaduais de São Paulo.

O presidente da Força Sindical acredita que, se a intenção de criar uma central única de trabalhadores e empregadores for bem sucedida, deve contribuir para forçar uma revisão da atuação das centrais sindicais existentes no país.