Carreira política: pesquisa detalha atuação das mulheres na Câmara

De acordo com pesquisadora, atuação política da mulher ainda não é reconhecida dentro do próprio Congresso

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Uma pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) comprovou a desvantagem das mulheres na política nacional. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, elas representam apenas 8,9% dos parlamentares.

Muito mais do que isso, a pesquisa mostra que as mulheres trabalham em seus projetos assuntos relacionados ao papel histórico do gênero, o que restringe o seu potencial de ação e dificulta uma maior legitimidade das suas ideias e propostas.

As conclusões são da dissertação de mestrado em sociologia “Vozes femininas na política: uma análise sobre mulheres parlamentares na pós-constituinte”, conduzida pela socióloga Luana Simões Pinheiro, sobre as 76 deputadas atuantes entre 1987 e 2002.

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Universo feminino

A atuação feminina na Câmara, casa que foi alvo da pesquisa de Luana, se concentra em questões típicas do universo da mulher, sendo que 61,6% das 1.273 proposições legislativas apresentadas pelas deputadas são referentes à área social.

Dessas propostas, apenas 4% foram aprovadas. As deputadas que se aventuraram na área de economia, por exemplo, não ganharam muito crédito: apenas uma das 119 propostas foi aprovada. “A reduzida aprovação mostra que a atuação política da mulher ainda não é reconhecida dentro do próprio Congresso. Não ganhou legitimidade”, concluiu Luana.

O estudo ainda concluiu que as mulheres participam mais de comissões que tenham assuntos relacionados a questões típicas do mundo feminino. Além disso, em nenhum momento da história da casa, alguma deputada ocupou a Mesa Diretora, espaço privilegiado de exercício do poder de decisão e considerado também uma importante vitrine política.

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Vítimas e culpadas

De acordo com a pesquisadora, o fato de as mulheres tratarem apenas de assuntos femininos também tem uma parcela de culpa delas, que acabam incorporando os preconceitos de gênero da sociedade.

Elas encaram o agir em prol de causas consideradas femininas como sua função dentro da Câmara e sabem que o eleitorado cobra ações nesse sentido. E isso faz com que também contribuam para a naturalização desse papel.