Carreira: como são os jovens que ingressam agora nas universidades?

De acordo com antropóloga, uma marca destas pessoas é a sensibilidade em relação à tecnologia, às imagens, à criação

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Daqui a menos de dez anos, eles estarão no mercado de trabalho. Seus comportamentos ditarão tendências. Suas escolhas, o futuro de empresas. Quem são os jovens que ingressam agora nas universidades?

Sua formação é bastante interessante: muitos deles são filhos daqueles jovens que iam às ruas para brigar contra a ditadura militar. “Em 1960/70, fundamentalmente o modelo de juventude era participativo, transformador da sociedade e protagonista de movimentos culturais. Juventude era sinônimo de estudante universitário”, afirmou a antropóloga do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Silvia Borelli.

A partir do final dos anos 1970 e começo dos 1980, o modelo de juventude muda. Começam a dizer que os estudantes universitários não são mais participativos, mas consumistas. “Chega-se à idéia do jovem alienado”, afirmou ela.

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As próximas gerações

Os jovens dos anos 1960 e 1970 crescem, se casam, têm filhos, e tendem a protegê-los demais. “É aquele pai que leva o filho até a porta da faculdade de carro”, descreveu Silvia.

A criação passa a ser diferente. Os pais chegam a gerenciar a vida destes jovens, que já estão na faculdade. Ainda existe uma tendência de os filhos de 30 anos morarem na casa dos pais. Enfim, adia-se a responsabilidade da vida adulta.

Por outro lado, esta geração tem uma característica que é só dela: “a sensibilidade com a tecnologia, com imagens e a capacidade de criar. Produzir outras formas de cultura. Essa é uma marca muito forte”, disse a antropóloga.

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Escolhas

Em relação à vida profissional, esses jovens têm uma dificuldade muito grande em escolher a carreira a seguir. “Saber o que quer tem muito a ver com a diversidade que o mundo está dando. Na década de 1960/70, tinha o bloco das carreiras médicas, de direitos e as humanidades. A opção era muito mais restrita até a década de 1970”, conta Silvia.

Depois disso, passaram a aumentar as possibilidades, ainda mais com a chegada das carreiras ligadas à tecnologia.

Apesar de a escolha estar mais difícil, o ingresso nas universidades continua na mesma faixa etária. “Eles continuam entrando com 17 ou 18 anos na faculdade”, explicou a antropóloga.

Individualista?

Questionada sobre se estes jovens tendem a ser mais individualistas, estimulados pela tecnologia, Silvia afirmou que não. “Desde o século XIX estamos sendo impelidos ao individualismo, mas o chamado para o coletivo é muito forte”, disse ela.

“Quando você entra no quarto de um jovem, parece que ele é fechado do mundo: tem seu próprio telefone, o celular, o Ipod, o MP3, mas essas tecnologias não sobrevivem sem uma tendência coletiva. Para fazer sozinho, tem que estar plugado no coletivo”.