Câmbio, Bolsa e exportações: veja como a economia afeta salários e empregos

Headhunter afirma que o câmbio influencia nos salários, especialmente dos executivos do alto escalão

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Após o agravamento da crise mundial da economia, em setembro do ano passado, a moeda norte-americana registrou valorização considerável. Para se ter uma ideia, o dólar encerrou 2008 com alta anual superior a 30% ante o Real – o maior aumento nesta base comparativa em seis anos. Na última terça-feira (14), por sua vez, o dólar fechou cotado a R$ 1,97.

Já a Bolsa se mostrou altamente instável. O Ibovespa, depois de bater os 70 mil pontos em maio do ano passado, chegou a 29.435 pontos, em 27 de outubro de 2008.

Esses indicadores parecem muito distantes do mercado de trabalho, porém afetam, e de forma significativa, a remuneração dos executivos, bem como as decisões de contratação e as demissões nas empresas.

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Efeito câmbio nos salários

Para o headhunter da Robert Wong, Renato Bagnolesi, o câmbio influencia sim nos salários, especialmente dos executivos do alto escalão, que, muitas vezes, recebem em dólar. “A influência pode acontecer, principalmente, [para quem atua] no mercado de commodities. A remuneração de alguns profissionais acaba afetada para o bem ou para o mal”.

O diretor da Robert Half, Fernando Mantovani, reconhece o efeito câmbio sobre os salários, mas lembra que, justamente para se proteger da variação do dólar, profissionais expatriados preferem vincular sua remuneração à moeda local.

Com relação às ações, muitos profissionais recebem como bônus ou benefício papéis da empresa e, com a crise e a queda generalizada nas bolsas de valores, eles podem ter visto seus rendimentos caírem num verdadeiro abismo. “A crise causou um grande prejuízo”, diz o headhunter.

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Mantovani ressalta um ponto positivo na legislação brasileira, no que tange à remuneração dos profissionais. “Nos Estados Unidos, a legislação permite a redução de salários. No Brasil, isso não é possível”, enfatiza.

Contratações e demissões

A crise econômica afetou diretamente as empresas exportadoras e as que possuem capital aberto na Bolsa. As demissões foram inevitáveis. Entretanto, Bagnolesi diz que os cortes ocorreram de forma mais intensa entre os funcionários em cargos operacionais. “O que observamos são demissões na base da pirâmide”. O motivo é que, se não há demanda, não há razões para manter um alto nível de produção.

Além disso, segundo ele, muitas organizações se aproveitaram da crise para cortar custos em áreas que deixaram de ser lucrativas. “A crise é também uma boa desculpa para desligar funcionários acomodados ou de baixa performance. Não há como segurar alguém que não apresenta alto desempenho em meio a uma crise”, garante.

Substituição de mão-de-obra

O diretor da Robert Half, por sua vez, opina que esta crise dificultou a vida dos exportadores, especialmente de commodities, dada a queda da demanda em países europeus e nos Estados Unidos. “Essas empresas congelaram as contratações de forma acentuada em dezembro e janeiro. Além disso, no mercado, a inflação da massa salarial estagnou”.

Felizmente, segundo ele, já houve uma retomada das contratações. O especialista observou ainda um movimento de substituição de mão-de-obra nas empresas. “Em crises, a exigência dos líderes é maior e a tolerância é menor”, explica.

A substituição também se deve à necessidade de expertise em áreas que antes recebiam pouca ou nenhuma atenção nas empresas. “As organizações substituíram alguns funcionários ou em prol da expansão natural do negócio ou devido a novas estratégias, novos negócios. Os diretores tiraram velhos planos da gaveta e pensaram: vamos contratar dois bons profissionais e ver o que acontece”.