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SÃO PAULO – Bullying. Já faz algum tempo que essa palavra se tornou conhecida nas escolas. Ocorre quando uma criança, um professor ou outro funcionário sofre humilhações, muitas vezes disfarçadas de brincadeira. Porém, a prática que tem consequências psicológicas não acontece exclusivamente nas escolas, mas também no ambiente de trabalho.
“Não se pode dizer que é comum, mas existe. O bullying pode ser verbal ou psicológico e acontece quando alguém exerce poder sobre um grupo mais fraco”, explica a psicóloga e psicoterapeuta, Clarice Barbosa.
Ela explica que é mais comum que quem apresente esse comportamento ocupe um cargo de chefia, mas, muitas vezes, também é possível identificá-lo em um colega do mesmo nível. Quem pratica o bullying no trabalho tem interesse em subir na empresa – ou em manter seu cargo (no caso dos chefes) – e faz qualquer coisa para se sair bem, sem pensar nos outros.
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Mas é preciso saber diferenciar essa situação de um conflito normal de trabalho. O bullying caracteriza-se principalmente por ações repetidas sobre uma mesma pessoa ou grupo, de forma a deixá-los expostos.
Vítima fragilizada
A psicóloga também explica que, normalmente, o abuso é feito sobre uma pessoa considerada mais fragilizada. “Quem pratica isso humilha, deprecia ou isola a vítima, manipulando as outras pessoas, mentindo e fazendo com que todas se afastem dela”, diz.
Ela lembra que é comum que a vítima se fragilize nessa situação. “Se precisa do trabalho, tem família para sustentar, vai aceitando isso e acaba se sentindo impotente”, completa.
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Para Clarice, a melhor forma de acabar com as ações do bullying é não se intimidar ou ter medo. Segundo ela, a vítima precisa ter provas, como gravações, para poder mostrar na empresa o que está ocorrendo. “Quanto mais provas ela tiver, mais ela vai poder expor essa pessoa. Mas se fica fragilizada, a outra pessoa ganha poder”, diz. Além disso, é possível consultar um advogado para saber como se proteger.
Consequências
Entre as consequências desse ato, para quem sofre, estão desde crises de choro à depressão. “A vítima pode apresentar problemas de pressão, pânico e outras doenças psicossomáticas, além de ter a capacidade de produção reduzida”, explica Clarice.
Além disso, um recente estudo, publicado no jornal Sleep, mostrou que o bullying também tem consequências para o sono das pessoas, tanto de quem sofre, quanto de quem presencia os atos.
Na pesquisa, feita com 3.132 homens de 4.562 mulheres da França, 11% delas e 9% deles disseram ter sofrido “comportamento hostil” no trabalho, enquanto outros 31% e 32%, respectivamente, presenciaram esse comportamento.
Entre os homens que sofreram o abuso, foi constatada que eles possuíam 2,39 vezes mais dificuldade de dormir, enquanto entre os que presenciaram, a dificuldade era 2,29 vezes acima do normal. Já entre as mulheres, as que presenciaram tiveram 1,73 vezes mais dificuldade, enquanto entre as que sofreram, houve 1,87 vezes mais problemas.