Brasileiro vende tudo para se jogar no paraquedismo e virar competidor nos EUA

Esportista abriu mão de bens materiais para recomeçar a vida como paraquedista na Florida

Nara Faria

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ORLANDO, FL – Viver em uma grande metrópole, como São Paulo, pode ajudar a alavancar uma carreira profissional de sucesso, mas também reserva uma rotina de muitas horas de trabalho, pouco descanso e muita cobrança.

Foi o estresse do dia a dia que incentivou a mudança de rumos na vida do administrador de empresas, Rafael Oliveira, que depois de 10 anos de experiência em grandes companhias e também como empreendedor, decidiu jogar tudo literalmente para os ares e apostar em seu sonho de competir como paraquedista.

Em sua última experiência como empreendedor no Brasil, era responsável pelo faturamento de duas empresas que somavam mais de R$ 1 milhão por ano e acumulava uma carga pesada de responsabilidades. A decisão de começar os saltos de paraquedas veio como “uma válvula de escape” para reduzir o estresse.

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Ele conta que conheceu o paraquedismo no início de 2013 na maior área de saltos da América Latina, em Boituva (SP). Três saltos duplos depois, decidiu que queria fazer daquilo mais que um lazer. Em um final de semana, concluiu o curso AFF (treinamento teórico e prático para se transformar em um paraquedista profissional).

“No início comecei a saltar nos fins de semana, mas com o passar do tempo o esporte começou a ganhar mais espaço em minha vida”, conta. Foi quando decidiu se planejar financeiramente para apostar na paixão pelo paraquedismo.

Menos de um ano depois de iniciar no esporte, o mineiro de 33 anos, que há seis anos vivia em São Paulo, decidiu com o apoio de sua esposa, a jornalista Josiane Oliveira, vender todos seus bens, a casa e os carros para investir no sonho de se tornar paraquedista profissional. Josiane também deixou as 20 horas de trabalho por dia e os arranha-céus de São Paulo para acompanhar o sonho do marido.

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“Muita gente que me chamou de doido por dois motivos. Um por largar tudo e outro por ser paraquedista. Eles diziam quem em sã consciência se joga de um avião em perfeito funcionamento”, lembra.

O primeiro voo em busca de seu sonho foi a mudança para um dos principais polos de tudo que diz respeito a paraquedismo do mundo, que fica a cidade de Deland, na Florida, para se especializar e conseguir todas as qualificações necessárias para um atleta profissional. “Na Florida está localizada a maior parte das fábricas e os maiores e melhores atletas de toda a história do paraquedismo”, conta Rafael.

Após um ano do primeiro salto solo, o paraquedista possui em seu currículo 450 saltos, cerca de seis horas em queda livre, mais de cinco horas de túnel de vento (simulação de queda livre) e passagens por Deland, Titusville, Zephyrhills, na Flórida (EUA) e Nashiville, no Tenesse. Até o momento concluiu a classificação como Coach, categoria que lhe dá a permissão para ensinar outras pessoas os movimentos que executa.

Para se especializar, ele escolheu o freefly – uma das modalidades do paraquedismo onde o esportista chega a atingir velocidades superiores a 300 km/h. Nessa modalidade, na queda livre, o corpo voa a 3 dimensões, ao contrário das modalidades tradicionais de queda livre, em que se formam figuras apenas em um plano horizontal.

O que vem adiante
O esportista tem como inspiração grandes nomes do paraquedismo mundial e um dos que enxerga como exemplo é o paraquedista venezuelano Luis Prinetto, que atualmente mora em Sebastian, nos Estados Unidos. “Vejo nele uma grande inspiração como profissional do paraquedismo e como pessoa”, diz.

As suas metas também são ambiciosas. No prazo de quatro anos, pretende participar do maior campeonato mundial de paraquedismo, em Dubai. Para chegar ao mundial, o esportista precisa de boas classificações em três campeonatos locais e já se prepara para o primeiro deles, o Campeonato Brasileiro de Paraquedismo, que deve ocorrer entre os meses de agosto e setembro deste ano no Brasil.

Antes de chegar lá ele sabe que terá que enfrentar grandes desafios. O paraquedista terá que dispor de recursos para bancar um gasto anual de US$ 100 mil. Por enquanto, ele conta com os com suas reservas, mas dentro de um ano pretende conquistar recursos que lhe permitam chegar a um break even (equilíbrio entre a receita e gastos) em suas finanças.

Atualmente ele já conta com parceiros que contribuem para a sua comunicação visual, a construção de sua marca e aquisição de equipamentos. Para o médio prazo está entre as suas metas conquistar patrocínios que contribuam com os seus gastos, compra de equipamentos e viagens. Ministrar coach também está entre suas metas.

Dentro de quatro anos, além do campeonato mundial em Dubai, o paraquedista tem como objetivo ministrar cursos de AFF (professorar para atletas) e participar de campanhas publicitárias.“Ao contrário do que muitos pensam, que paraquedismo é coisa de maluco, é um esporte sério e regrado. Exige dedicação nos treinos e no meu caso programação financeira para atingir cada uma das metas. No Brasil, acredito que ainda não há reconhecimento do esporte, o que abre espaço para uma área de expansão e grandes oportunidades de crescimento”, finaliza.

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