Brasileiro que fez MBA no exterior se sentiu discriminado ao retornar

No site da The Economist, Ricardo Taveira disse que  há uma tensão entre os empresários com MBAs que retornam de escolas de negócios internacionais

Luiza Belloni Veronesi

Publicidade

SÃO PAULO – Em um artigo publicado pelo site da The Economist, o estudante brasileiro de MBA da Universidade da Escola de Chicago Booth of Business, Ricardo Taveira, afirmou que sentiu preconceito por parte dos empresários e executivos brasileiros após fazer um estágio no Brasil.

Segundo a publicação, quando o estudante consegui um estágio de verão no Brasil se sentiu empolgado em voltar a sua terra natal e trabalhar em uma empresa de capital de risco. Porém, ele se deparou com uma tensão entre empresários regionais com os MBAs que retornaram de escolas de negócios internacionais.

“Muitos moradores estavam relutantes em me dizer suas ideias, uma vez que eu tinha dito a eles que eu era um estudante de MBA. Levei um tempo para perceber porque eu estava constantemente sendo vetado de conversas. Um bom número de graduados em MBA vêm ao Brasil para iniciar empresas”, contou o brasileiro.

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Segundo Taveira, esses MBAs criaram empresas inovadoras, que resolveram os pontos problemáticos que assolavam países em desenvolvimento, como o Brasil, ao mesmo tempo que superavam infraestruturas irregulares e uma paisagem incerta no futuro. No entanto, mais frenquentemente do que isso, dizia o brasileiro, eles simplesmente copiaram as empresas do exterior. “Às vezes eles trabalham para empresas que atropelam os limites éticos, dando medo aos empresários locais”.

O relato do brasileiro conta ainda que ele se sentiu relutante com a ideia, inicialmente. Mas confessou a prática. “Muitos dos que fazem isso são meus amigos”, disse. “Claramente alguns deles estão fazendo isso porque querem criar empregos e gerar novos produtos e serviços para o Brasil”.

Mercenários e missionários
Algumas semanas antes de Taveira voltar para os EUA, ele recebeu um e-mail de um sócio de uma empresa de capital de risco, com quem ele teria uma reunião decisiva sobre uma oportunidade de investimento. “Precisei de um longo tempo para esclarecer meus pensamentos. ‘Antes de tomar uma decisão de investimento para esta empresa’, dizia o e-mail, ‘Eu pediria a todos que consideram o vídeo a seguir’”.

Continua depois da publicidade

O vídeo era de um capitalista de risco chamado Kleiner Perkins, que enfatizava a importância da motivação do empreendedor em começar um negócio. Segundo Perkins, os empresários poderiam ser divididos em dois campos: os mercenários e missionários. “Os primeiros foram predominantemente movidos pelo desejo de fazer dinheiro, enquanto o segundo pelo desejo de fazer sentido”.

“Essa mensagem fez muito sentido para mim. Estudantes de MBA costumam pensar apenas em termos de risco, oportunidade e recompensa, e deixar de reconhecer a importância do significado pessoal. Mas isso é fundamental na manutenção da questão ética quando enfrentam a adversidade. Eu não posso dizer que tenho totalmente resolvido a minha opinião sobre os meus amigos e colegas que escolheram o caminho ‘imitador’. Minha vida anterior como empresário e da perspectiva negativa que testemunhei no Brasil pesam na minha consciência. Mas me deu uma pausa em apressar o julgamento sobre a ética do empreendedorismo”, concluiu Taveira.