Brasil não tem faculdades entre as cem com melhor reputação no mundo

Segundo a Times Higher Education, Brasil é único país dos Brics que não tem universidade entre as cem de melhor reputação

Tércio Saccol

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SÃO PAULO – O Brasil é o único país dos BRICs a não ter nenhuma instituição de ensino superior entre as cem mais bem avaliadas por acadêmicos do mundo todo. A conclusão está no ranking da publicação THE (Times Higher Education), do Reino Unido.

A Rússia emplacou a Universidade Lomonosov, de Moscou, na 33ª posição. Já a China conta com cinco universidades no ranking, sendo a melhor a Tsinghua, de Pequim, no 35º lugar. Na Índia, o destaque é  o Instituto Indiano de Ciência está na 91ª colocação. A tradicional Universidade de Harvard, dos EUA, lidera o ranking.

A pesquisa ouviu 13.388 acadêmicos de 131 países para chegar à lista das universidades com melhor reputação. O perfil é de estudiosos, em média, com 16 ou mais anos de trabalho em instituições de ensino superior e 50 trabalhos científicos publicados.

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O índice de reputação leva em conta apenas a imagem que as instituições têm entre os acadêmicos. Foi pedido que apontassem, entre mais de 6.000, até dez universidades como as melhores do mundo em seus campos específicos de atuação.

Brasil
Para o consultor da TP&S, consultoria educacional, professor Luís Alves Silva, embora o ensino brasileiro tenha reconhecidas limitações, o principal motivo para grandes instituições como a USP, tradicionalmente reconhecida por sua pesquisa, não figurarem entre as cem é justamente a metodologia da pesquisa. “Os critérios não são os melhores, têm base apenas em opiniões. Nossas universidades mais renomadas não têm toda essa projeção mundial, talvez por falta de política de divulgação de seus trabalhos, e isso acabou se refletindo”, aponta.

Silva afirma que são poucas as escolas superiores brasileiras que podem ser citadas como padrões de excelência em pesquisa e ensino. O consultor acrescenta que a falta de uma política de inovação e pesquisa de longo prazo contribui para que as universidades do País nem sempre sejam lembradas no mundo. “Existem apenas projetos pontuais, mas falta uma lei, algo que se insira nas universidades, na cultura. Sem pesquisa, as universidades viram apenas grandes escolas”, lamenta.

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A opinião é corroborada pelo também consultor em educação, da empresa CM Consultoria, Carlos Monteiro. Na opinião de Monteiro, que também é professor, o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento científico, além da produtividade baixa com os valores aplicados em pesquisa hoje nesta área, colocam o Brasil em condição desfavorável na comparação. “Além disso, nosso sistema universitário é relativamente novo, ainda está em desenvolvimento, o que pesa bastante para a conquista de reconhecimento”, acrescenta, destacando a necessidade de o Brasil continuar ampliando a base de alunos no ensino superior.

Os dois profissionais também consideram um problema crítico para o reconhecimento do papel das instituições: a distância existente entre universidade e sociedade no Brasil. “As universidades deveriam estar mais associadas às demandas da sociedade, conectadas com as necessidades existentes”, afirma Silva. “Já passa da hora de derrubar as torres de marfim que existem entre universidade e sociedade. O ensino e a pesquisa devem estar atentos a projetos mais pertinentes”, concorda Monteiro.

Diferenças
Entre as mais tradicionais universidades presentes no ranking e a média das instituições de ensino superior brasileiras há, de fato, um abismo de distância. Na avaliação de Monteiro, ele começa pela visão do papel do professor. “Em países como a Coreia do Sul, os professores são aqueles que normalmente têm os melhores índices de desempenho, há um reconhecimento da profissão. Já aqui, o docente fica relegado a um segundo plano”, critica. 

O consultor destaca também outros fatores que limitam o desenvolvimento do ensino superior no Brasil. “Um deles é o ensino predominantemente noturno, de instituições privadas, que destaca apenas docentes horistas para a função, e não contribui com pesquisa, extensão e desenvolvimento científico”, aponta.  

“Também devemos levar em conta que parte das instituições que desfrutam de melhor reputação conta com sistemas de doações, seja por ex-alunos ou empresas. Essa captação de recursos é que permite que elas financiem pesquisas e apostem em desenvolvimento científico de ponta”, acrescenta.  

Por último, destaca Monteiro, o Brasil deve começar a repensar sua proposta de ensino, voltada para carreiras que podem ficar ultrapassadas no futuro. “Precisamos passar rapidamente do modelo ‘carreirocêntrico’ para um holístico e sistêmico, em que privilegiemos a essência do conhecimento e não um formato de carreira limitado”, aponta. Segundo o professor, se as universidades do Brasil quiserem ser vistas como padrões de reputação no exterior, devem romper com modelos viciados de ensino. 

Confira, abaixo, o ranking das universidades com melhor reputação no mundo:

Ranking de reputação
Instituição País  Ranking 
Universidade Harvard EUA 1
Instituto de Tecnologia de Massachusetts EUA 2
Universidade de Cambridge Reino Unido 3
Universidade da Califórnia Berkeley EUA 4
Universidade Stanford EUA 5
Universidade de Oxford Reino Unido 6
Universidade Princeton EUA 7
Universidade de Tóquio Japão 8
Universidade Yale EUA 9
Instituto de Tecnologia da Califórnia EUA 10