[Braduni] Estágio: mudança freqüente de emprego ajuda ou atrapalha?

Mudar a todo o momento sem foco não é recomendado; troca de estágio precisa ser feita com reflexão

Flávia Furlan Nunes

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Sinônimo de aprendizado, o estágio é importante para o início da vida profissional. O aluno que pensa “quanto mais estágios, melhor”, por sua vez, está enganado: nem sempre o histórico marcado pela passagem por muitas empresas significa que a prática consolidou aquilo ensinado nos bancos universitários, o que quer dizer que mudar a todo o momento sem foco não é recomendado.

Se, para um profissional, “pular de galho em galho” pode ser visto como algo negativo na carreira, para os estagiários a prática pode parecer comum, por ser uma fase de experimentação. No entanto, o universitário deve mostrar um sentido nas mudanças de emprego realizadas ao longo da faculdade, ou então será visto como alguém instável.

Para a consultora de planejamento de carreira da Manager Assessoria em Recursos Humanos, Juliana Barros, a troca deve ser feita quando as possibilidades de aprendizado se esgotarem. “De repente, entrou na empresa e depois de um tempo fez tudo o que podia. Não existe mais possibilidade de agregar. É uma empresa que não tem plano de carreira. Nestes casos, o melhor é procurar outra oportunidade”, afirmou a consultora.

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A mudança deve ser feita com responsabilidade e reflexão. Para Juliana, o estagiário deve ter foco, ou então ficará com um histórico injustificável de experiência. “É preciso entender para onde quer ir para ponderar a mudança. O estágio é momento de experimentar, mas na área em que pretende atuar”. Mudando a todo o momento, o profissional pode aprender coisas diferentes, mas sem profundidade. Além disso, os contatos com colegas de trabalho, fundamentais para o networking, tornam-se superficiais.

Tempo ideal

Também consultora da Manager, Erika Migliano destaca que as empresas não acreditam ser negativo o fato de o estagiário mudar frequentemente, ou passar por vários empregos por períodos curtos. “O tempo médio de um estágio é de seis meses ou um ano, mas existem alguns de dois ou três meses”.

No funcionalismo público, por exemplo, os estagiários podem ser contratados por período equivalente a dois anos, de acordo com a Portaria 313 do Ministério do Planejamento.

Para que os estudantes sejam aceitos, há celebração de convênio entre o sistema de ensino – instituições ou agentes de integração – e os setores de produção, serviços, comunidade e Governo. Desde janeiro, os estagiários de órgãos públicos passaram a ganhar R$ 290, se de nível médio, e R$ 520, se de nível superior, por uma jornada de trabalho de 20 horas semanais.

Existem períodos específicos da faculdade em que a troca de estágio deve ser feita. A procura por uma oportunidade pode ser realizada desde o primeiro semestre, embora ainda seja cedo para colocar a teoria em prática. Até o penúltimo semestre, o estudante deve tentar buscar outras experiências, porque a mudança fica mais difícil nos últimos meses da faculdade. Segundo Juliana, no último bimestre, as empresas não costumam contratar.

Onde procurar

Insatisfeito com a posição que ocupa, o estagiário pode procurar entidades como o CIEE (Centro de Integração Empresa Escola – www.ciee.com.br) e a Fundap (Fundação de Desenvolvimento Administrativo – www.fundap.sp.gov.br), que divulgam vagas de estágio para estudantes do ensino superior.

Durante todo o ano, são lançadas oportunidades pelas empresas, mas a contratação é mais comum no meio e no final do ano, porque as companhias querem começar os anos ou semestres com a equipe nova. Sem experiência em nenhuma área, os estagiários devem colocar no currículo: