BC revela monitorar reajuste de salários para evitar aumento de preços

Caso empresas resolvam repassar os dissídios aos preços dos produtos, cenário inflacionário pode se deteriorar

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – O Banco Central anunciou que está monitorando os reajustes de salários, para que eles não gerem aumento de preços.

“O crescimento dos salários acompanhado por aumento da produtividade não tem necessariamente pressão sobre os custos das empresas. No entanto, aumentos salariais desvinculados de aumento da produtividade têm pressão sobre a estrutura de custo das empresas”, afirmou o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita.

Segundo explicou, caso essas empresas resolvam repassar os dissídios aos preços dos produtos, o cenário inflacionário pode se deteriorar.

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Sem interferência

Mesquita afirmou que o BC não irá cancelar qualquer decisão por parte das empresas, inclusive em relação a aumento de preços. “Vamos ter que monitorar o que vai acontecer nos próximos meses. Porque nós vamos fazer o necessário, enquanto for necessário, para manter a inflação alinhada à meta”, disse, afirmando que a política monetária será usada para evitar pressão inflacionária.

O diretor do BC falou durante coletiva de imprensa de divulgação dos dados do Relatório da Inflação, na quarta-feira (25).

Pressão na demanda

O diretor disse que a massa salarial tem registrado um crescimento bastante representativo. “Na verdade, na comparação interanual, se acelerou bastante, chegando a 7%, depois de ficar em 6% durante os anos de 2006 e 2007, em boa parte do tempo”, explicou.

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Esse crescimento da massa salarial, segundo o diretor do BC, é um elemento importante da sustentação da demanda. Ele explicou que a massa salarial tende a sofrer quando a inflação se acelera porque o poder de compra da população é corroída.

Discurso internacional

Nesta mesma semana, o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) Dominique Strauss-Kahn, sugeriu resistência ao aumento de salários. A perda do poder aquisitivo da população no curto prazo impediria o crescimento da demanda e, conseqüentemente, a aceleração da inflação.

Segundo a agência internacional Mercopress, que atua no território do Mercosul (Mercado Comum do Sul), o diretor-gerente do fundo disse aos governos latino-americanos que adotem medidas diretas que “diminuam os efeitos da alta de preços para os setores mais vulneráveis, mas sem um reajuste excessivo de salários”.