“Babás” de expatriados ganham até R$ 12 mil para cuidar de executivos no País

Braço direito de CEOs, assistentes executivas traduzem textos, cuidam das finanças pessoais, alugam imóveis e até fazem compras para o chefinho

Eliane Quinalia

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SÃO PAULO – Se para ser a secretária do chefe era preciso ter apenas um bom relacionamento com diretor de uma companhia, hoje, a situação é bem diferente. Conhecidas como assistentes executivas, as profissionais que assessoram os CEOs vivem 24 horas do dia, sete dias por semana, para ajudar não apenas na tradução de um texto ou na organização de uma agenda, mas também na vida doméstica de seu superior.

“Tratam-se de pessoas graduadas, que falam mais de dois idiomas e facilitam o dia a dia de executivos, especialmente o de expatriados”, diz a gerente de RH da Page Personnel, Leandra Pisciottano, que acredita na importância estratégica destas profissionais em uma empresa.

Com graduações que vão desde a área de relações públicas à de letras, essas assistentes possuem tantas qualificações que seus salários podem chegar a R$ 12 mil mensais, além dos benefícios.

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“Os salários pagos podem variar de R$ 6 mil a R$ 12 mil, de acordo com o tempo de trabalho, perfil profissional, empresa e vivência da contratada”, conta a assistente executiva da Roche Diagnóstica América Latina, Alessandra Lima, de 48 anos.

O que fazem
E se trabalhar com um profissional de alto nível já exige habilidades únicas, com um expatriado então, nem se fala. As profissionais que prestam este tipo de serviço precisam ser pacientes, ágeis, pró-ativas e, além de tudo, compreensivas, pois não serão poucos os dias em que elas terão que atender seus superiores em chamados de emergência para solucionar simples questões do dia a dia.

“Eles chegam ao Brasil com a esposa e filhos e não conhecem nada do País ou do nosso idioma. Nossa função é ajudá-lo no que ele precisar, inclusive, em situações do cotidiano. Eu, por exemplo, já tive que localizar um dentista para um atendimento de emergência no fim de semana. A consulta era para a esposa de um executivo com quem trabalhei”, conta Alessandra, que entre outras já intermediou tarefas como a de alugar um apartamento para o CEO da empresa, fez compras no supermercado local e acompanhoua família do executivo no shopping.

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E as tarefas param por aí. Uma outra assistente executiva do ramo financeiro – que não pode se identificar nesta reportagem por questões estratégicas -, revelou ainda que as profissionais deste nível são designadas também para tarefas como a de providenciar o visto do CEO e de seus dependentes, encontrar uma residência, aprovar a documentação de locação, encontrar escolas [americanas, inglesas, suíças] para os filhos do executivo, providenciar babás, governantas e professoras de idiomas e, ainda, ajudar a esposa do seu assessorado a se sociabilizar.

Segundo a profissional que tem 16 anos de experiência no mercado, sendo 16 dedicados ao atendimento de 48 profissionais expatriados, quem se interessa por essa profissão precisa ter em mente que “todo chefe é um projeto de vida que deve ser bem analisado.”

Alessandra Lima secretária executiva da RocheAssistente executiva da Roche Diagnóstica América Latina, Alessandra Lima, atualmente assessora dois executivos expatriados – um belga e outro holandês

Mercado no Brasil
Hoje, o mercado nacional dispõe de cada vez mais vagas para profissionais deste nível. Segundo Leandra, em um balanço da Page Personnel do último ano, foi possível constatar que a procura por estas secretárias aumentou 80% de 2011 para 2012 na consultoria em que atua. E a expectativa, é que tais números devam aumentar, especialmente com a quantidade de expatriados que estão chegando no Brasil.

Para se ter uma ideia, de acordo com o balanço da CGig (Coordenação- Geral de Imigração), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), em 2011, cerca de 70.524 profissionais estrangeiros foram autorizados a trabalhar no Brasil. A quantidade de autorizações foi 25,9% maior em relação às 56.006 concedidas em 2010.

O aumento da demanda favorece, principalmente, as profissionais deste setor, especialmente daquelas que buscam oportunidades no mercado financeiro. “As instituições financeiras estão entre as empresas que pagam os melhores salários do mercado, mas as indústrias e empresas farmacêuticas, assim como as grandes incorporadoras também se destacam”, diz Leandra.