Até junho, cerca de 93% dos acordos salariais ficaram iguais ou acima da inflação

Conforme apurou o Dieese, as negociações feitas no período apresentaram resultados inferiores a 2010

Eliane Quinalia

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SÃO PAULO – Cerca de 93% das 353 negociações salariais registradas no primeiro semestre de 2011 obtiveram reajustes iguais ou acima da inflação. Os dados fazem parte de um balanço divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Segundo o Dieese, o desempenho verificado em 2011 revela um quadro semelhante ao registrado em 2010, sendo o percentual de negociações com reajustes inferiores à inflação de 7%, em 2011, e de 4%, no ano passado.

Ao todo, 84% das categorias conseguiram reajustes acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – valor 3 pontos inferiores ao mensurado no ano passado, quando 87% dos trabalhadores receberam o aumento.

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Índice dos reajustes
Na tabela a seguir, é possível verificar todos os percentuais de reajustes:

Quantidade de negociações Participação no total Percentual de reajuste
298 84,4% acima do INPC-IBGE (total)
9 2,5% mais de 5% acima da inflação
10 2,8% de 4,01% a 5% acima da inflação
24 6,8% de 3,01% a 4% acima da inflação
35 9,9% de 2,01% a 3% acima da inflação
113 32% de 1,01% a 2% acima da inflação
76 21,5% de 0,51% a 1% acima da inflação
31 8,8% De 0,01% a 0,5% acima da inflação
31 8,8% igual ao INPC-IBGE
14 4% de 0,01% a 0,5% abaixo da inflação
6 1,7% de 0,51% a 1% abaixo da inflação
1 0,3% de 1,01% a 2% abaixo da inflação
2 0,6% de 2,01% a 3% abaixo da inflação
1 0,3% de 3,01% a 4% abaixo da inflação
0 nulo de 4,01% a 5% abaixo da inflação
0 nulo Mais de 5% abaixo da inflação
24 6,8% Abaixo do INPC-IBGE (total)
353 100%  

Destaques por setor
Entre os setores da economia analisados, o que mais teve negociações que resultaram em reajustes acima da inflação no primeiro semestre foi o Comércio, com 97,7% – mesmo percentual verificado em 2010. As negociações do setor conseguiram aumentos reais de 2,3% e não tiveram reajustes abaixo do INPC.

Já na Indústria, 87% das negociações ficaram acima do INPC. Na comparação com 2010, houve alta de 0,7 ponto percentual. Na análise da distribuição dos aumentos reais da indústria, o Dieese lembra que o setor industrial sofreu uma redução nos resultados em relação à 2010, expressos tanto pela redução do patamar mínimo (maior perda salarial foi de 2,32% abaixo do INPC-IBGE), como também do patamar máximo (maior aumento real foi de 5,19%).

O setor de Serviços, porém, se destacou, por registrar 13% das negociações com reajustes insuficientes para repor o poder aquisitivo dos salários. Contudo, em 2011, foi registrado o segundo maior percentual de reajustes acima da inflação da série no setor.

Análise por região
O Dieese constatou que o Centro-Oeste (97%) apresentou a maior parte das negociações com reajustes acima da inflação entre as regiões brasileiras. A seguir, estão as regiões Sul (88,2%), Sudeste (85,6%) e Nordeste (77,6%). O Norte registrou o menor número de acordos, ficando com 69,2%.