Aja como pequeno empresário, aposte em jovens e copie os bons, diz 4º brasileiro mais rico

Carlos Alberto Sicupira diz que prefere oferecer a um jovem talento o desafio de comandar uma empresa gigantesca do que contratar um executivo de renome

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Carlos Alberto Sicupira é o quarto brasileiro mais rico, com uma fortuna de US$ 9,4 bilhões, segundo o ranking da Bloomberg. O bilionário tem participações societárias em empresas gigantescas como Ambev (ABEV3), ABInbev, Burger King e Heinz. Durante a Expert 2014, evento realizado pela XP Investimentos, porém, Sicupira disse que o segredo do sucesso é pensar como um pequeno empresário e que a queda de qualquer companhia começa pela soberba. “A pequena empresa é sempre um bom negócio”, afirmou.

Agir como pequeno empresário, diz ele, significa adotar um olhar mais detalhista para o negócio. “Quando você tem um negócio grande, você não tem que contar centavos nem passar noites sem dormir, você não precisa se chatear”, afirmou. Ele diz que atualmente vive de pegar grandes negócios e transformá-los em “pequenos”, implantando esse tipo de cultura.

Sicupira também afirma ser contrário a contratar um executivo de renome no mercado para comandar as empresas que compra junto com os sócios Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, primeiro e terceiro homens mais ricos do Brasil. Um executivo, diz ele, sempre está de olho no próximo passo da carreira, não corre tantos riscos e fica com medo de se indispor com clientes e fornecedores – mesmo que isso seja ruim para a companhia.

Continua depois da publicidade

O bilionário diz que prefere apontar um jovem talento para comandar uma empresa, mesmo que ele tenha pouco mais de 30 anos e nunca tenha encarado um desafio parecido na vida. Essa prática começou com ele mesmo, quando, aos 32 anos, deixou o Banco Garantia na década de 1980 para assumir a presidência da Lojas Americanas (LAME4), ganhando um décimo de sua remuneração anterior e sem nenhuma experiência no varejo. “Eu tive que ir para a Lojas Americanas, senão meu sócio não a compraria.” Naquela época, ganhou experiência que o ajudou nos próximos negócios. Outras empresas que foram ou são comandadas pelo trio e que tiveram presidentes muito jovens são a Heinz, o Burger King, a Ambev e a ALL (maior empresa de ferrovias do Brasil).

Outra dica do empresário bilionário é que haja a preocupação em aprender e procurar estratégias e modelos que possam ser copiados. E, quando descobrir uma boa estratégia, copiar o modelo bem-sucedido não deve ser um problema. “Nada do que a gente faz é invenção nossa, é tudo copiado. Tenho o orgulho de inventar coisas, mas, enquanto puder copiar, copio”, afirmou.

A capacidade de tomar medidas extremas em momentos decisivos também é importante, destaca Sicupira. A 3G Capital, holding do trio de empresários, enfrentou um grande problema em 2008, depois de ter pago US$ 52 bilhões pela americana Anheuser-Busch, que fabrica a cerveja Budweiser. A empresa precisava de um aumento de capital que poderia diluir os principais acionistas, de forma que o controle do negócio pudesse mudar de mãos. Mas eles prefeririam fazer um drástico corte de custos na vida pessoal, se endividiar e comprar ações na operação, conseguindo assim manter as rédeas do negócio.

Por fim, Sicupira destacou que as pessoas devem acreditar nelas mesmas. “O que limita a gente é sonhar pequeno”, afirmou. E o pior: sonhar pequeno dá o mesmo trabalho do que sonhar grande e impede o empresário de unir forças com as pessoais mais bem capacitadas, diz ele.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.