Adiar a entrada na faculdade para estudar para concurso nem sempre é uma boa ideia

Para especialistas, jovens em início de carreira devem considerar diversos fatores antes de decidir pelo adiamento

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – Cada vez mais o setor público chama a atenção dos jovens. Tanto é que na hora de escolher os caminhos que querem traçar para a carreira, muitos adiam a entrada na faculdade para se dedicar aos estudos para os concursos públicos que não precisam de formação superior.

Se você está pensando em adotar essa ideia, é melhor considerar uma série de fatores antes, pois especialistas ouvidos pelo InfoMoney reforçam que é possível conciliar a faculdade com a preparação para o concurso. “O estudante precisa ponderar”, afirma o diretor de Recursos Humanos da Central de Concursos, José Luis Romero Baubeta. “Não dá para deixar a vida de lado para se dedicar ao concurso”, enfatiza. Para ele, ser aplicado, ter um ritmo de estudos focado e manter-se organizado ajudam na hora de estudar para o concurso e a lidar com a rotina de um universitário.

Conciliar as duas atividades garante algum desenvolvimento da carreira e evita ansiedades. “Ficar estudando apenas para concurso aumenta muito a pressão e a expectativa do estudante”, considera o coordenador-geral do Siga Concursos, Carlos Alberto De Lucca. Para ele, quem opta por deixar a faculdade de lado também pode adiar a entrada no mercado de trabalho. 

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Baubeta concorda e ainda explica. “Concurso não resolve o problema do estudante a curto prazo, porque, em média, um jovem pode levar de seis meses a dois anos para passar em um concurso. A maioria não passa nem na primeira nem na segunda tentativa”, diz. De Lucca ainda atenta para a questão das datas das provas. “O concurso não tem aquele calendário como o vestibular, então fica aquela ansiedade de sair o edital”, conclui.

Tendência
A estabilidade e os bons salários são motivos que atraem profissionais de diversas áreas para o setor público. No caso dos jovens em fase de vestibular, outra questão entra na balança. “O principal atrativo para a geração Y é a forma democrática de seleção”, considera Baubeta. Para De Lucca, existem outros fatores que chamam a atenção dos jovens. “Um deles é a ausência de exigência de experiência anterior”.

Para os especialistas, a dificuldade de entrar no mercado de trabalho faz muitos jovens recorrerem aos concursos. “Nos últimos três anos, houve um aumento na procura por concursos por parte de jovens com idade de 18 a 20 anos, porque eles tinham dificuldade de acessar o mercado de trabalho”, acredita Baubeta.

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Conseguir uma vaga estável, com remuneração acima da média do setor privado e sem passar por processos seletivos extensos é o maior atrativo para esses jovens. Para De Lucca, porém, essa decisão de adiar a entrada na faculdade em prol do concurso público se dá de modo mais forte em jovens cujas famílias já têm um histórico com o concurso ou mesmo que vivem em estados onde o concurso público é algo cultural. “É o caso de Minas Gerais, Sergipe, mas nem tanto em São Paulo”, afirma.

Planejamento
Antes de decidir por adiar a entrada em algum curso de graduação, o estudante deve, na avaliação de Baubeta, traçar um planejamento. “As pessoas devem fazer um planejamento de vida e traçar prioridades”, afirma. “Independentemente de qualquer coisa, ele deve considerar que precisa de um lugar no mercado”, reforça.

Para De Lucca, o estudante que quer o setor público deve pensar na possibilidade de se dedicar às provas após a formatura da faculdade. “Ainda assim, é preciso avaliar a situação, porque não dá para ficar fora do mercado”, ressalta.