AAI: conheça a profissão que surfa nas mudanças de hábitos do investidor brasileiro

Como o Agente Autônomo de Investimentos trabalha para tirar os investimentos do brasileiro dos bancos

Allan Gavioli

O brasileiro ainda tem por hábito investir seu dinheiro nos bancos tradicionais. Segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), 61,8% do total de ativos custodiados do país estão em apenas três bancos: Bradesco, Banco do Brasil e Itaú.

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Ou seja, a grande maioria dos brasileiros ainda aplica em produtos que costumam ser mais caros, pouco rentáveis e que oferecem menos independência e flexibilidade pro investidor.

Por outro lado, o cenário pode estar começando a mudar. Os números da Anbima mostram que ofertas de ações no primeiro semestre de 2019 foram recorde para o período desde 2002. O montante é 159% superior a todo ano de 2018.

Mas entrar no universo dos investimentos não é uma atividade trivial: muitas vezes, o investidor não tem o conhecimento necessário para aplicar sozinho em produtos mais sofisticados. Para auxiliar esse processo existe o Assessor de Investimentos, ou Agente Autônomo de Investimentos (AAI).

Nos Estados Unidos, para exemplo de comparação, mais de 1,3 milhão de pessoas ganham a vida ajudando os americanos a investir e a organizar as próprias finanças. Já no Brasil, há apenas 9.215 assessores cadastrados no sistema da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Fica claro, portanto, que há um imenso potencial de crescimento dessa área no ambiente nacional.

Raquel Girotto, sócia e assessora da Monte Bravo, escritório de agentes autônomos credenciado à XP Investimentos, acredita que o futuro do assessor no Brasil é promissor e vê com bons olhos o crescente interesse do brasileiro por investimentos e a mudança de mentalidade sobre o mercado financeiro.

“Falta de bons atendimento [nos bancos tradicionais], mudança de patamar na economia nacional, necessidade das pessoas de terem um retorno melhor, mais adequado e personalizado, são os principais pontos que fizeram o brasileiro trocar o banco por um escritório de investimentos, que alavancaram a procura pela profissão de assessor”, explica Raquel em entrevista ao InfoMoney

A especialista diz ainda que essa alteração de perspectiva do brasileiro sobre o mercado financeiro está apenas começando, e que mudanças mais significativas ainda devem ocorrer.

“Está em curso uma mudança radical e extremamente significativa no mercado de investimentos. Nós estamos mudando a forma do brasileiro de investir, de lidar com o dinheiro, e isso é incrível”, completa Raquel.

Sobre a profissão

O Assessor de Investimentos, chamado formalmente de Agentes Autônomos de Investimento (AAI), é responsável por explicar aos clientes o funcionamento de aplicações financeiras, como ações, renda fixa, fundos de investimento, fundos imobiliários, derivativos, contratos futuros, entre outros.

Sendo assim, deve estar em dia com as tendências da economia, de forma a auxiliar o cliente nas decisões para impulsionar os rendimentos do dinheiro de cada um deles.

É importante deixar claro que a escolha de investir ou não sempre é do cliente. O assessor de investimentos pode auxiliar e dar dicas, mas nunca tomar uma decisão sobre o que fazer com o patrimônio do investidor.

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Certificações e pré-requisitos

A profissão é regulamentada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e, para poder exercê-la no país, é necessária aprovação em um exame de certificação realizado pela Ancord (Associação Nacional de Corretoras e Distribuidoras), elaborado e aplicado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O exame visa verificar a qualificação técnica dos candidatos a exercer a profissão e inclui 80 questões de múltipla escolha, com quatro alternativas cada uma. Cursos de graduação em economia, administração e ciências exatas são muito frequentes entre os agentes, mas não é obrigatoriedade possuir um diploma de ensino superior para realizar a prova.

As perguntas do exame testam o conhecimento dos candidatos sobre o mercado financeiro, os produtos de investimento e a profissão de agente autônomo. Pessoas condenadas por crimes financeiros, com antecedentes criminas e sem o ensino médio completo não podem realizar a prova.

Depois de ser aprovado no exame, é preciso realizar o credenciamento na Ancord. A instituição realiza aprovação do agente juntamente com a CVM para que o profissional já comece a atuar no mercado.

Depois da realização desses procedimentos, o assessor já pode trabalhar para uma corretora e atender a clientes. Todo o processo (da aprovação no exame até a vinculação na corretora) costuma durar, em média, dois meses.

“Quanto mais certificados, mais títulos acadêmicos, melhor. Mas vou ressaltar que é um diferencial e não regra. Não é obrigatório, mas ajuda muito”, explica Raquel.

“Minha formação em Administração de Empresas foi muito importante para minha carreira”, completa a executiva, que, além da graduação, possui, além do certificado da Ancord, os títulos CEA e CPA 20.

Técnico e humano

De maneira técnica, prática e didática, os assessores vão avaliar quais são os objetivos do cliente para, assim, definir qual o perfil do investidor, visando sempre desenvolver a estratégia mais adequada, com tratamento e análise individual. Afinal, lida com pessoas com objetivos e planos diferentes.

Dessa forma, o agente deve funcionar como uma ponte entre os analistas de investimentos e o cliente que deseja investir, seja ele uma pessoa física ou jurídica.

Quando a equipe de análise da corretora identificar oportunidades de investimento, por exemplo, o agente vai procurar o cliente e informá-lo da análise, traçando a melhor escolha do que fazer com essa oportunidade, sempre avaliando o perfil do cliente e os objetivos que o investidor possui.

Mas, além das competências técnicas e todo o conhecimento sobre finanças e economia, o lado humano do assessor é imprescindível para o sucesso do profissional.

“Tenha empatia pelas pessoas, seja receptivo às necessidades de cada cliente. Saiba escutar bastante. Dedicação, foco e resiliência são o mantra da nossa profissão”, explica Raquel.

“É necessário um contato proativo com seus clientes, poque o networking [rede de contatos] de um assessor é seu maior diferencial. Qualificação, certificação, dedicação, foco, resiliência e, principalmente amor pelo que você esta fazendo. Tudo isso é vital para o sucesso de um assessor. Tudo que eu faço é por amor à profissão, pois eu acredito de coração no que eu estou fazendo”, conclui.

O futuro do assessor

Durante a Expert XP 2019, um dos maiores eventos sobre investimentos do mundo, Gabriel Boselli, CPO (diretor de produto) do Grupo XP, sustentou a ideia de que o futuro dos agentes autônomos é intrínseco ao desenvolvimento tecnológico das plataformas de investimento.

“Existe grande necessidade de estruturas mais ágeis. Não unir os times de negócios e tecnologia demonstra a incapacidade de adaptação à velocidade que o mundo está mudando”, disse o CPO.

“É preciso um maior investimento em times de especialistas digitais. O principal pilar da transformação digital é o foco na experiencia do cliente. Vocês [assessores] devem estudar o comportamento e personalizar a experiencia de cada investidor”, completa Boselli.

Raquel enfatiza a ideia de que a tecnologia é fundamental para o futuro da assessoria de investimentos e ressalta que a agilidade e a comodidade oferecidas aos clientes são qualidades que pesam na hora do investidor escolher o escritório certo.

“Hoje é essencial nós termos agilidade e proatividade para atender os clientes, logo, os avanços tecnológicos são fundamentais. Esse avanço permite que possamos atender os clientes de uma forma mais rápida”, diz a sócia da Monte Bravo.

“A tecnologia soma em tudo de bom que nós já fazemos. Ajuda a atender o cliente da melhor forma possível. Estamos vivenciando uma mudança de patamar muito grande. Hoje, dentro desse mercado, se tivermos um atendimento excelente, com uma tecnologia que aproxima, que é rápida e proativa, é sucesso garantido”, conclui Raquel.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.