9 em cada 10 brasileiros acham que empresa deve custear gastos com deslocamento, aponta pesquisa

Preço elevado dos combustíveis fez com que vários trabalhadores optassem pelo home offie para evitar mais gastos com ida ao escritório

Gilmara Santos

Pessoas fazem fila para entrar em ônibus fretado

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O preço dos combustíveis tem pesado no bolso dos trabalhadores, que querem das empresas custeio dos gastos com o deslocamento para o trabalho.  É o que revela pesquisa realizada pela OnePoll, empresa especializada em pesquisas, em parceria com a Citrix Systems.

De acordo com o levantamento, 9 em cada 10 brasileiros acham que o empregador deve compensar os custos para o transporte dos coloboradores até a empresa. Neste quesito, o Brasil aparece empatado com o México, com 87% dos entrevistados dando essa resposta. Na França, 84% dos trabalhadores desejam que a empresa ajude com essas despesas e no Reino Unido, 65%.

“A maior aceitação do home office acontece em um cenário de crise, onde muitas pessoas não estão dispostas a ter um carro e ter que pagar um alto valor do combustível, além de parcelas de IPVA, seguro e manutenção para ter o veículo em boas condições”, diz Melisa Murialdo, analista econômica da OmelhorTrato.com, comparador de produtos financeiros, e que compilou os dados.

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A gasolina, que chegou a ultrapassar a marca de R$ 7, o litro, neste ano, fez com que vários trabalhadores, que tinham a escolha, optassem pelo home offie para evitar mais gastos.

Nas últimas semanas combustíveis começam a dar uma trégua ao bolso do consumidor. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), prévia da inflação oficial do país, apresentou queda de 0,73% em agosto, após alta de 0,13% registrada em julho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A deflação foi impulsionada pela redução nos preços. A gasolina caiu 16,80% e deu a maior contribuição negativa ao índice do mês (-1,07 p.p.). Também foram registradas quedas no etanol (-10,78%), gás veicular (-5,40%) e óleo diesel (-0,56%).

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“A inflação no mundo fortalece o trabalho híbrido, que deixa de ser apenas uma situação de emergência sanitária, mas sim uma necessidade prioritária que os empregadores devem levar em conta para evitar o ‘fenômeno da grande demissão’”, avalia. “À medida que o preço da gasolina sobe, os trabalhadores se perguntam se os benefícios de trabalhar fora do escritório superam o tempo e o dinheiro associados ao deslocamento.”

O reflexo é que 54% dos profissionais afirmam que preferem trabalhar em home office com objetivo de reduzir os gastos com combustível, além de poupar o tempo de deslocamento até o local de trabalho.

O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de trabalhadores que preferem evitar custos de deslocamento para o escritório, atrás apenas dos Estados Unidos, com 57% dos norte-americanos escolhendo este modelo de trabalho.

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“Na linha de redução de custos, a principal razão pela qual os trabalhadores preferem ir ao escritório é evitar despesas com aquecimento no inverno, sobretudo, no Sul e Sudeste do país, ou custos de eletricidade no verão, em decorrência, por exemplo, do alto uso do ar-condicionado. Ou seja, dependendo da estação do ano, alguns trabalhadores preferem ir ao escritório apenas para reduzir os custos de aquecimento (em locais frios, no inverno) e eletricidade (em áreas extremamente quentes, no verão)”, afirma Melisa.

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC.