53% dos empresários devem contratar mão de obra extra para o fim do ano

Menos otimista que em 2013, empresariado achata remuneração e opta por contratações tardias

Juliana Américo Lourenço da Silva

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SÃO PAULO – Com a aproximação das festas de fim de ano, os lojistas se preparam para atender a demanda aquecida do Natal e Ano Novo, ampliando o seu quadro de funcionários.

Um levantamento realizado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) nas 27 capitais revela que mais da metade (53%) dos empresários dos setores do comércio e de serviços já contratou ou pretende contratar trabalhadores temporários neste fim de ano.

Estima-se que até o término de 2014 aproximadamente 209 mil temporários sejam absorvidos para preencher as vagas de emprego disponíveis.

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No entanto, os dados revelam que, neste ano, os empresários estão mais cautelosos com a contratação de temporários. Em 2013, a estimativa do SPC Brasil era de que mais de 233 mil vagas seriam criadas para o mesmo período.

Além disso, em 2014, aumentou de maneira expressiva a quantidade de empresas que ainda estão esperando um sinal positivo do mercado para contratar: elas eram 20% no ano passado e passaram para 28% neste ano.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a elevação do percentual de contratações tardias sinaliza que o empresariado está comedido, esperando até o último momento para investir em mão de obra temporária, a fim de evitar prejuízos e gastos desnecessários com a folha de pagamento.

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“O cenário de compasso de espera se dá por conta dos fracos indicadores econômicos. Temos observado sucessivas pioras no desempenho do comércio e da indústria, com reflexos significativos no emprego e na confiança de consumidores e empresários. Em meio às incertezas no campo da economia, os empresários parecem postergar ao máximo suas decisões”, afirma.

Contratações e salários
O estudo mostra que quem procura uma colocação temporária em 2014 deve ficar atento, pois a maioria das contratações deve ocorrer entre os meses de outubro (37%) e novembro (38%). Apenas 13% já efetuaram as contratações nos meses de agosto e setembro e 7% devem realizá-las somente em dezembro, quando faltarem poucas semanas para o Natal.

Além disso, 70% dos empresários não pretendem aumentar o número de contratações temporárias em 2014, na comparação com o ano passado. Na média, cada empresa deve contratar até o fim do ano entre três e quatro trabalhadores para reforçar seu quadro de funcionários.

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A intenção de efetivação dos temporários também apresentou queda. Em 2013, 52% das empresas pretendiam fazer pelo menos uma efetivação após o término do contrato dos temporários; este ano, o percentual passa a ser de 32%.

Com menos disposição para aumentar o volume de contratações, os empresários também devem diminuir o tamanho da remuneração paga aos seus novos funcionários. Pouco mais da metade (51%) das empresas que fazem uso da mão de obra temporária planeja pagar um salário mínimo (R$ 724) aos contratados. Na comparação entre 2013 e 2014, o SPC Brasil e a CNDL observam que houve queda no intervalo de remuneração de dois a três salários mínimos (de R$ 1.448 a R$ 2.172). No ano passado, 30% das empresas disseram que o pagamento de seus funcionários temporários estaria nesta faixa, enquanto que este ano apenas 28% afirmaram o mesmo. O salário médio do trabalhador temporário em 2014 deve ser de R$ 935,54.

Prática bastante habitual entre comerciantes e prestadores de serviços, o pagamento de comissões como remuneração complementar ao salário, deve estar presente em 35% das contratações. A maioria (60%) dos novos funcionários deve ser remunerada somente por meio dos salários e em alguns casos, também com benefícios como ticket refeição e vale transporte. Além disso, duas em cada dez (19%) contratações devem ser informais, ou seja, sem carteira assinada.

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De acordo com o levantamento, as funções mais procuradas pelas empresas são as de vendedor e balconista (46%), caixa (28%), garçom (24%), estoquista e repositor (15%), auxiliar de limpeza (10%) e ajudante de cozinha (6%).