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SÃO PAULO — Dos dez principais itens da pauta de exportação do Brasil para os Estados Unidos, apenas dois não foram poupados das tarifas de aplicadas pelo presidente Donald Trump: café e carne bovina.
A ausência das duas commodities agropecuárias na ampla lista de exceções intrigou os observadores mais atentos. Afinal, poucas coisas são tão sensíveis à popularidade de um político do que a inflação de alimentos.
É a partir dessa perspectiva, aliás, que os exportadores brasileiros continuam alimentando esperanças para uma negociação bem-sucedida que inclua café e carne no rol de exceções.
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A lógica das concessões americanas indica que ainda há chances. A julgar pela lista de produtos brasileiros que foram poupados do tarifaço, sabe-se que o lobby feito pelos importadores dos Estados Unidos foi decisivo.
“Que não fique dúvida: não foi um concessão ao Brasil, mas sim à indústria americana, que depende da fruta brasileira”, disse em entrevista ao Brazil Journal Ibiapaba Netto, diretor da CitrusBR, associação que representa os exportadores de suco de laranja — Cutrale, Citrosuco e Louis Dreyfus.
Seguindo essa linha de ação, os exportadores de café e carne bovina ainda podem reverter o cenário. Não é mera coincidência, aliás, que as informações sobre o encarecimento do hambúrguer e do café de todo santo dia venham ganhando espaço na imprensa americana.
A Associação Nacional de Restaurantes dos Estados Unidos é uma das mais engajadas na campanha contra as tarifas. Em uma carta enviada na quarta-feira ao governo americano, a associação se disse “extremamente preocupada” com as novas tarifas, citando nominalmente os riscos ao suprimento de mercadorias como café e carne bovina, conforme informações da Reuters.
No caso particular do café, uma cultura agrícola que sequer é produzida nos Estados Unidos e depende fortemente das importações do Brasil, os riscos inflacionários ganharam as manchetes do Wall Street Journal.
Em uma longa reportagem publicada na quarta-feira, o tradicional jornal americano mostrou os efeitos da taxação ao café brasileiro. “Não temos como substituir o café brasileiro facilmente”, ressaltou James Watson, analista do Rabobank, em entrevista à publicação.
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Entre os exportadores brasileiros, ainda há otimismo de que os esforços de lobby surtirão algum efeito antes de 6 de agosto, data programada para as tarifas entrarem em vigor.
Conteúdo produzido por The AgriBiz.