Conteúdo editorial apoiado por

Sanii: a healthtech que recebeu R$ 13 milhões para cuidar de idosos

Com a ambição de ser a maior empresa do setor na América Latina, Sanii usa IA para conectar cuidadores e famílias

Leonardo Guimarães

Renato Tilkian (esq), Angelina Clarke e Michael Kapps, cofundadores da Sanii (Divulgação)
Renato Tilkian (esq), Angelina Clarke e Michael Kapps, cofundadores da Sanii (Divulgação)

Publicidade

O Brasil está envelhecendo rapidamente: em 2023, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou, pela primeira vez, mais idosos que jovens no País. Entre 2000 e 2023, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais na população quase duplicou, saindo de 8,7% para 15,6%. Nesse contexto, uma startup que conecta cuidadores, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas a famílias vem ganhando escala – e aportes. 

Fundada em 2022, a Sanii acaba de receber R$ 5 milhões em uma rodada de follow-on que teve a participação do fundo de venture capital Sororitê Ventures. A healthtech alimenta a tendência conhecida como aging in place (envelhecimento no lar), que representa um desafio logístico e de segurança para várias famílias brasileiras. 

Além da plataforma que usa inteligência artificial para conectar os cuidadores certos a uma família, a empresa foca na profissionalização dos profissionais de cuidado domiciliar. O aporte mais recente eleva o total captado pela startup para R$ 13 milhões, considerando R$ 8 milhões pré-seed recebidos em 2023 de fundos internacionais. Os R$ 5 milhões serão usados para financiar a expansão da empresa para o interior e litoral de São Paulo e investir em tecnologia.

A dor do envelhecimento no lar

Renato Tilkian, cofundador da Sanii, explica que o espaço para crescimento da startup “é enorme porque o mercado é totalmente pulverizado e informal”. 

Para as famílias, encontrar um cuidador adequado é uma tarefa muito difícil, já que ele precisa ter a disponibilidade e habilidades compatíveis com as necessidades dos pacientes. 

Por outro lado, os cuidadores vivem na informalidade, correm o risco de não receber e ainda podem ficar sem trabalho por períodos relevantes quando um paciente morre.

Continua depois da publicidade

Para resolver essa dor, a Sanii atua como um marketplace fechado, selecionando e recrutando profissionais qualificados para conectá-los a famílias com necessidades específicas. Michael Kapps, um dos fundadores da healthtech explica que quase 30 fatores são considerados para fazer o cruzamento entre famílias e cuidadores, entre eles estão a proximidade entre as casas dos profissionais e da família, habilidades específicas e compatibilidade entre a disponibilidade do profissional e a necessidade do paciente. 

O processo de seleção é rigoroso: os fundadores dizem que milhares de pessoas se candidatam todo mês, mas apenas cerca de 3% são aprovados. Os candidatos passam por uma pré-triagem (que já elimina boa parte dos pretendentes), verificação de experiência, checagem de antecedentes criminais e entrevistas. 

Tudo isso para ter um nível maior de estabilidade, já que a startup assegura o pagamento e a conexão com outra família em caso de falecimento de um paciente fixo. “A maioria dos clientes de plantão permanente é por óbito, eles ficam entre um e dois anos conosco”, diz Tilkian.Os profissionais ainda podem recusar plantões, ganhando mais flexibilidade. 

Continua depois da publicidade

Para manter os cuidadores, enfermeiros e fisioterapeutas atualizados e engajados com a plataforma, a Sanii oferece treinamentos, como especialização em cuidados paliativos e em manuseio de ferramentas específicas, como sondas. 

“A Sanii resolve um dos maiores desafios do envelhecimento populacional, permitindo que idosos permaneçam em suas casas com segurança e qualidade de vida. Nossa tecnologia não apenas conecta cuidadores e famílias, mas transforma toda a cadeia de valor do cuidado domiciliar”, explica Angelina Clarke, COO e cofundadora da startup.

Leia também: Do “não” ao Google à Magnopus: as escolhas que definiram Marcelo Lacerda e a internet

Continua depois da publicidade

Inteligência artificial e uso de dados

O capital da nova rodada de investimento também será usado para aumentar o foco em tecnologia. A empresa desenvolveu sistema Care IA, elaborado a partir do Gemini, do Google, para refinar a indicação de cuidadores a pacientes. Além disso, usa agentes de IA nas entrevistas de recrutamento e no levantamento das necessidades de novos clientes. 

“Com meio milhão de horas (de cuidado) a gente sabe o que deu certo e o que não deu certo”, diz Kapps, sobre o processo de ligação de um cuidador a uma família. “No início era muito erro, agora é erro quase zero, quase garantimos que vai dar certo.”

A Sanii ainda usa uma IA no WhatsApp como ferramenta principal dos cuidadores durante os plantões. O bot cria relatórios sobre o que o último profissional fez no plantão anterior, avisa sobre horários de medicação e usa informações sobre procedimentos anteriores para avaliar as medidas necessárias para o paciente. 

Continua depois da publicidade

Estratégia de crescimento

O grande objetivo da Sanii é dominar o setor e se consolidar como a referência no mercado de cuidados com idosos na América Latina, que ainda é extremamente pulverizado e informal. O crescimento até aqui pode ser um sinal de que a healtech está no caminho certo. Sem abrir dados de faturamento, Tilkian diz que a companhia crescerá 300% em 2025. 

A startup planeja misturar crescimento orgânico – em São Paulo, onde já tem atuação forte – com fusões e aquisições fora do estado, onde ainda não chegou. As aquisições de empresas locais já estabelecidas no cuidado e enfermagem domiciliar podem ser importantes para ganhar tração rapidamente ao acessar uma base nova de clientes e aproveitar a reputação positiva em outras regiões. 

O plano de longo prazo extrapola a conexão entre cuidadores e famílias, incluindo serviços complementares como entrega de medicamentos e vacinas, atendimento odontológico e uso de sensores e câmeras inteligentes para monitoramento.