Conteúdo editorial apoiado por

PwC está otimista com o Brasil – renováveis, agro e tecnologia são os motivos

Marco Castro, sócio-presidente da empresa no Brasil, prevê crescimento de dois dígitos para este ano e

Iuri Santos

Publicidade

A PwC Brasil pretende seguir um ritmo de crescimento na casa de dois dígitos para os próximos anos. O que a empresa chama de “interseções” entre diferentes indústrias deve puxar esse crescimento enquanto a companhia olha para o país com otimismo devido a uma promissora disponibilidade de energias renováveis, agronegócio e tecnologia.

Neste ano, o sócio-presidente Marco Castro foi reconduzido ao cargo para um novo ciclo de cinco anos. “O que temos percebido é que o munda está mudando, os desafios têm se ampliado, temas geopolíticos que influenciam hoje o mercado de uma forma diferente a do ano passado”, conta o executivo em uma entrevista ao InfoMoney no evento Zoox Data Revolution.

Ele conta que a empresa está sendo preparada para este cenário, com decisões que a coloquem no que chama de “interseções das oportunidades que enxergamos neste momento” para dobrar o tamanho da companhia nos próximos cinco anos.

Essas tais “interseções” seriam pontos nos quais indústrias tradicionalmente separadas se misturam. Um exemplo dado por Castro é o surgimento de uma rede hospitalar fruto da junção entre um grande banco, uma seguradora e uma companhia de tecnologia para concorrer com alguma empresa tradicional do segmento. “Não se sabe de onde virá o próximo competidor.”

Castro explica que a reforma tributária já se ternou importante para a companhia — que entre seus principais negócios atua na auditoria tributária. A mudança no regime que inicia sua transição no ano que vem provocou, explica o executivo, uma sobreposição de dois ambientes.

“Abre uma oportunidade para a qual damos foco. Parte do nosso pessoal participou da concepção do que é esse novo modelo tributário e isso tem sido uma oportunidade gigantesca para nós”, conta.

Continua depois da publicidade

Leia a entrevista completa com Marco Castro a seguir.

InfoMoney: Neste ano você assumiu o seu segundo mandato à frente da PwC Brasil com o objetivo de seguir o ritmo forte de crescimento dos últimos anos. Como esses primeiros meses tem sido?

Marco Castro: Estamos há praticamente há seis meses com esse novo ciclo que se inicia por mais cinco anos. O que temos percebido é que o mundo está mudando, os desafios têm se ampliado, temas geopolíticos que influenciam hoje o mercado de uma forma diferente a do ano passado. Estamos preparando a PwC para atuar neste cenário, tomando decisões que nos colocam na interseção das oportunidades que enxergamos neste momento. A expectativa é dobrar o tamanho da firma nos próximos cinco anos.

Continua depois da publicidade

Eu diria que conseguimos garantir que esse ano deve ser um ano de crescimento forte. Imaginamos, no mínimo, dois dígitos em relação ao ano anterior. Tem alguns setores que estão performando melhor na nossa economia e temos a oportunidade e a sorte de trabalhar com eles.

IM: Onde estão essas interseções que você menciona?

MC: Tradicionalmente as indústrias eram separadas: setor agrícola, financeiro, de saúde. Agora elas estão se reconfigurando. O que notamos é que elas estão criando essas interseções e não se sabe, por exemplo, de onde virá o próximo competidor de uma grande rede hospitalar, que pode surgir da junção de um grande banco com uma grande seguradora e alguém com uma tecnologia muito poderosa buscando atuar em um ambiente de saúde.

Continua depois da publicidade

O agronegócio vai passar por essa transformação de forma muito marcada. Muita gente do setor financeiro fará parcerias para impulsionar o agro, pessoas de tecnologia criando soluções e inovação para o setor. Diversas soluções da indústria serão aplicadas em segurança, estabilidade, desenvolvimento e a produtividade que o agronegócio precisa.

IM: A reforma tributária começa a ser implementada gradualmente a partir do ano que vem. A simplificação do sistema tem algum impacto na área de auditoria tributária para a PwC?

MC: Na realidade, estamos trabalhando fortemente na preparação das empresas para esse novo sistema tributário, é um carro-chefe da nossa área tributária. A gente sabe que tecnologia é um elemento importante, por isso as áreas de consultoria e tecnologia estão desenvolvendo isso em parceria com uma série de clientes.

Continua depois da publicidade

Sabemos que, na verdade, é uma transição que não vem de uma única vez. Teremos que conviver em algum momento com dois ambientes tributários, enquanto o legado vai sendo desativado aos poucos para a entrada do novo. Abre uma oportunidade para a qual damos foco. Parte do nosso pessoal participou da concepção do que é esse novo modelo tributário e isso tem sido uma oportunidade gigantesca para nós.

IM: A princípio a reforma deve gerar um pico de custos para as empresas para depois reduzi-lo?

MC: Vemos isso claramente. Não chega a ser o dobro da estrutura, mas tem que ampliá-la, trazendo os novos elementos que em um futuro breve traz um ganho grande, porque embarca muita tecnologia.

IM: Apesar das questões geopolíticas, as semanas recentes foram positivas no Brasil em alguns aspectos: o Ibovespa voltou a subir, a perspectiva de queda dos juros. Você vislumbra uma janela de IPOs se aproximando?

MC: Mais que vislumbrar, torcemos para isso acontecer, porque as empresas precisam — são quatro anos sem um IPO e são raros os casos de follow-on. As empresas precisam de recursos para investir em tecnologia e novos parques industriais.

Uma crença que temos na PwC Brasil é que o país tem uma conjunção de fatores que o coloca em posição tão privilegiada neste momento, que não é possível não acreditar que teremos um boom de crescimento, ao menos no curto e médio prazo. Somos promissores em energias renováveis, um agronegócio poderosíssimo. Sabemos que o mundo precisa de coisas que o Brasil tem.

A tecnologia é uma área de progresso muito grande também. A Zoox [empresa de dados que promoveu o evento onde a entrevista foi feita] é uma empresa brasileira que tem uma tecnologia competitiva com muitas outras lá fora. Então, o Brasil tem muitas oportunidades. É natural ver esse crescimento ocorrer paulatinamente, já que há dificuldades regulatórias, ambiente político, criando pressões e cautela.

IM: E quais são os grandes temas para os quais a PwC está de olho para os próximos anos? Tem a reforma tributária, é claro, mas o que mais vai ser importante para destravar valor?

MC: Olhamos muito para o agronegócio, continua sendo um ambiente muito promissor, e imaginamos que está em um processo de consolidação e sofisticação, ampliando a inovação. É provável que tenha muito investimento internacional.

Infraestrutura precisa ser ajustada no Brasil, e ela passa neste exato momento a se tornar um problema para o mundo, não só para o Brasil, porque como o mundo depende alimentos e outros produtos brasileiros, investimento em infraestrutura básica precisa ser feito.

O tema de energia é claramente uma área de expansão, e aí vem junto com isso o investimento em tecnologia, os próprios data centers no Brasil, e que vai causar um crescimento importante.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.